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Villa Borghese está parado nos anos 1990

Com todo respeito a chef Ana Toscano, o restaurante chegou a 2016 antigo, na decoração e no menu do passado, sem oxigenar o ambiente e também o que é servido

atualizado

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Bárbara Cortez/Metrópoles
Villa Borghese
1 de 1 Villa Borghese - Foto: Bárbara Cortez/Metrópoles

A chef Ana Toscano é uma mulher guerreira, de respeito. É dela um dos restaurantes mais antigos da cidade, o Villa Borghese.  A casa ganhou vários prêmios, estampados em sua parede, do renomado Guia Quatro Rodas. Ao todo, são 10 — o primeiro recebido em 1998 e o último, em 2007. Quase uma década se passou, a gastronomia de Brasília evoluiu e o Villa Borghese não se atualizou. Chegou a 2016 antigo. Ficou preso na decoração do passado, no menu do passado, sem oxigenar o ambiente e também o que é servido.

Resultado: uma comida mediana num ambiente que parece um quarto empoeirado de avó. Não sou avessa a tradições. Considero-me jovem, mas sou uma senhora para grande maioria dos brasileiros. Mais uma vez, reitero. Acho a dona, Ana Toscano, uma mulher para quem devemos estender o tapete vermelho. Mas a comida que está sendo feita por ali está datada, ultrapassada – desde o couvert aos acepipes que acompanham o café.

Ao sentar à mesa, o couvert (R$ 18 por pessoa) vem logo sendo oferecido pelos garçons, que são tão antigos como a casa. De fato, é inegável a eficiência com que o serviço é feito. Logo, o prato dividido em compartimentos ganha a mesa. Se forem quatro comensais, lá se vão R$ 72 logo de cara. Palmas para o tomate assado e para o azeite, temperado com grãos de pimenta, manjericão, alecrim e pimenta dedo de moça. Uma belezura! O pão deveria ser de melhor qualidade e os grissinis não têm o frescor que o couvert pede.

Há 14 tipos de pratos com peixe e frutos do mar, 10 com carne, cinco massas e um de cordeiro. Para um restaurante italiano, esperava-se mais das massas e dos molhos. Estive por lá com Vera e Paola, amigas de garfo, mais de uma vez. E pedimos um pouco de cada.

O sentimento após três garfadas era de decepção. Pois havia expectativa graças à tradição do local. Cadê a fumacinha do polpetone (R$ 64)? Gratinado com molho sugo e acompanhado de tagliatelle na manteiga, veio mais sem graça do que piada de “A Praça É Nossa”? O meu estava morno, quase frio.

O salmão do tagliatelle (R$ 69) com tomates e manjericão estava com sabor muito acentuado do peixe e havia pedaços grudados uns aos outros, o que demonstra que o ingrediente deveria estar resfriado demais para o preparo. Sem contar com a falta de tempero e a apresentação pavorosa do prato.

Os pedaços de batata do gnocchi alla Zanello (R$ 62), com “farto molho de carne e creme”, boiavam no meio desse caldo sem saber nadar. Um exagero a quantidade de molho que, se ao menos tivesse saboroso, poderia se gabar de ser farto. Tentamos outros pratos também, mas nada de especial ou saboroso.

Depois da experimentação do prato das vizinhas, as três se entreolharam e quase desistimos da sobremesa. Mas a curiosidade aguçou e pedimos o cardápio. Das 10 opções, nenhuma foi sedutora o suficiente para que o pedido fosse concretizado. Não tinha nem a opção de tiramissu, clássico da culinária italiana, prerrogativa de qualquer cardápio do gênero.

Enfim, difícil ter vontade de voltar. Ainda mais com um ambiente daqueles. A casa traz um estilo italiano clássico, chão de granito meio amarelado, paredes com variações de terracota e cadeiras com forro puxando para cor laranja. O restaurante está antigo, precisando modernizar tudo. Os guardanapos enrolados dentro dos copos parecem uma visão do apocalipse. Para completar, a sensação de desconforto, uma música italiana incômoda invade os tímpanos sem pedir licença.

Em paredes distintas do restaurante, estão lá o jogador Raí, o senador Cristovam Buarque, o jornalista William Bonner, o cantor Chico Buarque, o ator Marcos Palmeira… Todos posando para fotos no restaurante, como se a imagem fosse a representação de terem saído de lá satisfeitos com o que comeram. Não há como comprovar essa tese. As fotos são tão antigas que parecem ter registrado o passado glorioso do Villa Borghese.

A sensação que me passa é que não há fotos novas faz um tempo. Aliás, muito tempo. Pois o que era bom virou saudade. Até mesmo para os comensais mais tradicionais.

Cortês sim; omissa, não.

DEVO IR?
Há italianos melhores.

PONTO ALTO:
Algumas partes do couvert — como o tomate assado e o azeite com ervas e pimenta — e o atendimento correto.

PONTO FRACO:
Ambiente totalmente cafona, comida irregular.

CLS 201, Bloco A, Loja 33, 3226.5650. Site: http://www.villaborgheserestaurante.com.br/

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