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O melhor de Brasília: se copiar, vai dar errado!

Desculpe. O melhor restaurante de Brasília é o Gero. A afirmação passa longe do achismo e do deslumbramento. É teoria e prática. Se eu fosse uma cientista, teria provas cabais do que estou dizendo, planilhada com as devidas métricas. Mas nem preciso disso. Sou uma simples arquiteta, observadora e com papilas nervosas e audazes na […]

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Desculpe. O melhor restaurante de Brasília é o Gero. A afirmação passa longe do achismo e do deslumbramento. É teoria e prática. Se eu fosse uma cientista, teria provas cabais do que estou dizendo, planilhada com as devidas métricas. Mas nem preciso disso. Sou uma simples arquiteta, observadora e com papilas nervosas e audazes na hora em que o alimento inebria meus olhos e toca a minha língua. Tenho critérios. Os meus, que não são e nem devem ser a salvação da gastronomia brasiliense.

Elenco meus motivos e os critérios analisados:

1. Ingredientes selecionados
Por mais de uma vez, perguntei a diferentes maîtres (André, Rodrigo, Célio…) de onde vêm o produto X,Y ou Z, como ficam armazenados e durante quanto tempo. Prontamente, respondem. E é magnífico ver o cuidado com o produto e com sua fabricação dentro da casa, como massas e pães. A delicada seleção oferece ao cliente o que há de mais fresco e interessante sendo produzido. Se pudesse expressar em um prato o que estou dizendo, esse seria a codorna recheada com shiitake e gratin de couve-flor. Uma explosão de sabores na boca.

2. Atendimento atencioso
O cliente entra e é recebido com um sorriso. Senta-se e o cardápio chega quase que simultaneamente. Há alguns excessos nos mimos? Sim. Mas nada que flerte com o desagradável. O serviço transcorre. Ora ordenado; ora mais nervoso. Porém, alguns preceitos são respeitados pelos mais espertos, vindos de São Paulo em 2010 – quando a casa foi aberta –, e pelos mais imberbes, arduamente treinados para chegar no padrão do signore Rogério, uma entidade quase onipresente entre seus empregados. Não há comparação com qualquer outro serviço na cidade. O Gero dá de goleada.

3. Padrão
Coma o amuse bouche… aquela abobrinha finamente cortada, empanada e frita. Vá outra vez e coma, de novo, a abobrinha…um vício quase incontrolável. E está ali, em ingredientes simples, o padrão Gero-Fasano. Sequinha, salgadinha e crocante. O risoto… de alcachofra com polvo…de grana padano e costela…de açafrão, linguiça de leitão e aspargos. Risotos. Caudalosos, refrescantes e com sabor. Risoto é vida para os italianos. Risoto do Gero, para os brasilienses, é a extra vida para qualquer game no X-Box. Os chefs são treinados à exaustão. Imagino o senhor Rogério pedindo os pratos ímpares do cardápio para atestar o padrão. E talvez, se convencer, de que acerta em 85% das vezes.

4. Regularidade
A cada 10 pratos, 8,5 saem do mesmo jeito. Cientificamente, isso é padrão. Sra Bárbara aqui é ousada e chega a ir ao restô várias vezes e pedir o mesmo prato. Massa fresca, molhos de tomate e manjericão ou polenta com algum ragu ou gorgonzola. Fácil não errar? Difícil é acertar. Entra chef e sai chef e está lá. Os pratos-assinatura da casa carimbados com o mesmo sabor. Raro isso. Pelo menos em Brasília. A regularidade é uma marca do Gero.

5. Sabor
No paladar, experiências como o contra-filé bovino com farinha de pão e ervas em molho de vinho tinto e especiarias . E que tal o bacalhau com carpaccio de abobrinha, com cenoura, tomate cereja, crocante de alho poró e molho vinagrete? Simples, não é mesmo? Sim. Porém, memoráveis.

6. Ambiente
Os traços elegantes do arquiteto modernista mexicano Aurélio Martinez Flores (infelizmente, falecido neste ano) são uma assinatura da casa. Ele foi o responsável pelos projetos dos outros restaurantes de Fasano. O pé-direito alto dá uma sensação de liberdade. Os tijolinhos aparentes combinados com piso de madeira e somados às cadeiras de couro caramelo proporcionam conforto e elegância ao espaço. A comida é apreciada em um cenário atemporal.

Bom, expostos os meus critérios e comentários para analisar o querido Gero, posso dizer que se a equação for reproduzida em outro lugar e por outras mãos, a soma 1+ 2 + 3 + 4 + 5 + 6 não dará no mesmo. Se copiar, vai dar errado.

E aí, alguns podem dizer que os preços são altíssimos para um “bistrô à côté ” do badalado Fasano paulista. Sim, os valores são mais altos do que o de uma cantina, mas tem muito italiano meia boca na cidade cobrando um absurdo por um pratinho de risoto sem a mesma qualidade da apresentada na versão mais “simples” do Fasano.

Cortês sim; omissa, não.

DEVO IR?
Sim. Tantas vezes quanto o seu bolso permitir.

PONTO ALTO:
O padrão Fasano de comida e atendimento.

PONTO FRACO:
Estar dentro de um shopping.

Shopping Iguatemi, Lago Norte, 3577.5520

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