Dona Lenha, o melhor custo benefício de Brasília
No estabelecimento, você paga pelo que vale. A equação custo-benefício fecha. Todos saem ganhando.
atualizado
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O Dona Lenha começou pequeno em Brasília. Servia, em 1997, pizzas assadas à lenha na esquina da comercial da 201 Sul, próximo ao Banco Central. A massa era crocante, fininha – uma das melhores pedidas depois de ir a alguma peça de teatro ou show no Teatro Nacional. Cansei de fazer esse programa. Cada pessoa na mesa fazia sua escolha de pizza e trocava uma de suas quatro fatias para ter o prazer de experimentar diferentes coberturas. A casa cresceu, aos poucos, de maneira sustentada e sempre bem conduzida pelo dono Paulo Mello.
Com sabedoria comercial e com a proposta de levar comida saudável aos clientes, o Dona Lenha acrescentou novidades ao seu cardápio, expandindo os horizontes até chegar à gastronomia mediterrânea – considerada uma das mais leves no mundo. Um gol de placa! As pizzas estão lá ao lado de saladas, frangos, filos (sanduíches feitos com pão folha), peixes, risotos, massas, kaftas etc. Uma variedade que valoriza quem gosta dos mais diversos tipos de carne e quem gosta de legumes e vegetais.
Todas essas opções não fariam sentido caso não tivessem qualidade, regularidade e preço. E aí está mais outro gol de placa. As quatro casas mantêm padrão semelhante em termos de porções (sempre generosas) e de sabor. O atendimento é correto, sem fricotes, nem bajulações. Poucas foram as vezes em que fui atendida de maneira desatenciosa. O sorriso no rosto parece estar no manual de treinamento dos funcionários da casa. De tirar o chapéu. Você paga pelo que vale. E o que eles propõem na descrição do cardápio, eles entregam. A equação custo-benefício fecha. Todos saem ganhando.
O que mais me encanta é que os sabores – de diversos países, como Itália, Grécia, Turquia, Espanha, Síria, Líbano e Marrocos – estão ali representados com maestria graças à qualidade dos ingredientes e ao capricho no preparo. A comida tem sabor e preza pela autenticidade. A kafta de picanha (R$ 39) grelhada, por exemplo, tem a carne bem temperada e vem acompanhada de tzatiziki, um molho à base de iogurte e pepino. Une-se a suculência da carne com o frescor meio grego, meio turco. Outro belo representante da culinária árabe é o crostini sírio (R$ 16), que vem no formato de uma pizza com barzegan (salada de trigo judaica com molho de romã) e queijo chancliche. A entradinha faz com que você queira dar o próximo passo e experimentar mais coisas.
Tá de dieta? Tem tilápia assada na lenha com limão siciliano, azeite de alecrim, espinafre, acelga e alho-poró (R$ 45) ou o prime de frango assado com azeite de pistache que pode ser acompanhado de ratatouille e salada verde. Além dos pratos fixos, o Dona Lenha “deixa” o cliente fazer suas próprias combinações a partir das guarnições que eles oferecem. Nesses casos, dependendo do ingrediente principal, os preços variam de R$ 31 a R$ 55.
Pode comer mais um pouco? Aí, dou três sugestões. O parmegiana (frango, R$ 39; filé-mignon, R$ 47) é acompanhado de um linguine com molho de tomatinhos cerejas. A carne vem macia, com molho natural, bem executado. O risoto de camarão com aspargos frescos e queijo chancliche (R$ 51), uma combinação inusitada, mas que funciona. E, por último, o spaghetti mediterrâneo (R$ 49) com camarão, lula, tomate, alho, vinho branco e salsa. Ai, ai. O prato assinatura da casa provoca na boca uma reação complementar entre a intensidade dos frutos do mar com a delicadeza do molho com tomates e vinho. Um espetáculo.
No Dona Lenha, há uma opção bem interessante: o festival de tapas. São várias comidinhas que você vai pedindo e se deliciando. Porém, nem sempre o que está escrito no cardápio está sendo oferecido. Isso não deveria acontecer, mas já estive por lá querendo comer um determinado acepipe e ele não estava disponível. Nessa mesma linha, a carta de vinhos tropeça ao mencionar rótulos que não estão disponíveis na casa. Quando acionados, os garçons trazem a notícia desagradável sem dar uma sugestão de vinho com preço compatível.
Mesmo assim, adoro comer e estar no Dona Lenha. É um lugar que dá prazer de visitar, não só pelo ótimo custo benefício das refeições, mas também por outros detalhes, como as cores alegres dos uniformes dos garçons e garçonetes e os elementos da decoração. Eles acertaram ao unir características de vários países do Mediterrâneo – os azulejos coloridos, uma nítida referência à arquitetura espanhola de Gaudí); os geometrismos árabes presentes no mosaico de ferro na unidade da Asa Sul ou nas toalhas da casa em tons de amarelo; as lanternas e o azul grego; o barco, as cordas, o piso terracota… Sou capaz de exagerar e dizer que o local te transporta para comer e beber em uma atmosfera mediterrânea.
Cortês sim; omissa, não.
DEVO IR?
Sem pestanejar. De olho fechado.
PONTO ALTO:
Cardápio diversificado, preço justo.
PONTO FRACO:
Certa confusão no rodízio de tapas e inconstância da carta de vinhos.
202 Sul, Bloco C, Loja 36, 3322-1234
413 Norte, Bloco D, Lojas 1, 3, 5, 3349-2323