400quatrocentos tem o melhor petisco de Brasília

Um boteco vem me chamando atenção na cidade. Sabe a equação comida saborosa, bons preços, astral bacana e atendimento na medida? Pois é, o 400quatrocentos, do chef Tonico Lichtsztejn, está dando uma verdadeira aula de como um botequim deve ser. Produtos de qualidade a preços razoáveis. Música para o ouvido de todos em tempos de crise. 

O 400quatrocentos, aberto em agosto de 2015, é um lugar para se comer petiscos com pedigree. O cardápio do dia fica estampado na fachada do bar, criando um ar descontraído. Na louça preta, escrita a giz, você se informa do que a casa oferece no dia, podendo haver mudanças de acordo com a sazonalidade dos ingredientes.    

Ouso dizer que o chef francês naturalizado brasileiro está fazendo o melhor petisco de Brasília: o croquete cremoso de carne de panela com crosta de bagaço de malte e temperado com pimenta-de-macaco. São sete unidades (R$ 19,90), que chegam à mesa quentinhas, sequinhas e crocantes. Dê aquela primeira dentada suavemente que a fumacinha do petisco sai um pouco para você continuar apreciando aquela “pepita de ouro”.  Dá vontade de comer várias rodadas, sem dividir com ninguém.

Tonico passou por alguns dos restaurantes do Grupo Ferreira (como Mercado Municipal e Bar Brasília), que conhece bem a arte de botecar. Mas talento e aprendizado não bastam. Além de ter as duas características, o chef é meticuloso e preocupado com a cadeia produtiva do alimento. Por isso, é possível você comer uma bela porção de pastel de queijo com manjericão sentindo o sabor e textura de cada ingrediente.  

Uma sugestão. Quando for ao bar, vá em grupo. Assim, você poderá conhecer o maior número de petiscos de uma vez só. A boca saliva só de imaginar as coxinhas (R$ 19,90 – a porção), os bolinhos de arroz (R$ 16,50), os caldos (R$ 6 e R$ 13), ragu de linguiça (R$ 22), o sanduíche (R$ 17,50) e as linguiças caseiras (cordeiro – R$ 39). Dependendo da época, você pode até pegar uma caipirinha de cajuzinho do cerrado.   

Quanto ao ambiente, saiba que você está num boteco. Se você é do tipo dondoca, talvez não curta. O termo “pé-sujo” não cabe ao 400quatrocentos. É simples, informal e ocupa uma loja no fundo da quadra comercial, com mesinhas dispostas na varanda. Há um mapa inusitado de Brasília estampado na parede, marcando alguns pontos turísticos. O espaço diminuto faz com que a casa tenha um banheiro unissex. Ai, Tia Bárbara não gosta. Meninos têm hábitos diferentes de meninas. Já viu, né?

Não estou aqui esquecendo da cerveja. De jeito nenhum. Pelo contrário! Boteco que é boteco tem de ter cerveja estupidamente gelada, com “veuzinho de noiva”, como diz o simpático atendente universitário que faz geografia na UnB. As garrafas de 600ml – Original ou Serramalte — chegam à mesa pedindo para serem tomadas. Além disso, há chope artesanal.

A inquietude de Tonico é uma de suas marcas. Ele preza pela cultura de boteco, pelo primor dos petiscos e pela bebida certa na temperatura também certa. E seu perfil locomotiva também pode ser percebido pelas conexões que ele faz. Antes de abrir o seu negócio, participou de eventos gastronômicos ao ar livre, como Chef nos Eixos. No 400quatrocentos, já teve a Kombi da Corina cervejas artesanais, já aconteceu porco no rolete (famosa iguaria que faz em projetos paralelos com os chefs Renata Carvalho, Rodrigo Almeida e André Batista), já teve roda de chorinho…

Enfim, uma agitação só. Para o bem da cidade!

Cortês sim; omissão, não

DEVO IR?
Vá numa boa, sem exigir o que o lugar não é.

PONTO ALTO:
Croquete de carne de panela.

PONTO FRACO:
O banheiro unissex. Um pouco mais de cuidado vale a pena.

 410 Norte, Bloco E, Loja 8, 3963-0400.