metropoles.com

Vereadores eleitos em 2024 estão na “lista suja” do trabalho escravo

Políticos donos de times de futebol, fazenda, pedreira e cerâmica foram responsáveis por situações análogas à escravidão, segundo o MTE

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
MTE
Foto colorida de fiscal do trabalho no interior do Piauí - Metrópoles
1 de 1 Foto colorida de fiscal do trabalho no interior do Piauí - Metrópoles - Foto: MTE

Pelo menos sete vereadores eleitos e suplentes deste ano constam na “lista suja” do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), que identifica empregadores responsáveis por submeter trabalhadores a condições análogas à escravidão.

A maioria desses políticos está localizada no Nordeste, com apenas um na região Sul. Os estados com vereadores e suplentes na “lista suja” do MTE incluem Piauí, Ceará, Bahia e Paraná.

Em quatro casos, os próprios nomes dos políticos constam na lista; nos outros três, aparecem nomes de empresas associadas a eles. A maior parte dos casos tem relação com o trabalho em pedreiras, na extração de rochas.

7 imagens
1 de 7

2 de 7

3 de 7

4 de 7

5 de 7

6 de 7

7 de 7

O empresário e ex-deputado estadual Marcos Antônio Novais, o Manassés, é suplente de vereador pelo Republicanos em Salvador (BA). Ele é diretor do Jacobinense Esporte Clube, que está na lista do MTE.

Em junho de 2022, cinco adolescentes que trabalhavam em condições análogas à escravidão foram resgatados do clube de futebol no bairro Cajazeiras, na capital baiana. Manassés nega qualquer irregularidade.

De acordo com os auditores-fiscais do Trabalho da Superintendência Regional do Trabalho na Bahia, os adolescentes eram alojados em condições precárias, sem alimentação adequada e com carga intensa de treinamento.

3 imagens
Fiscalização de trabalho escravo em time de futebol aconteceu após prisão de técnico por assédio sexual
Auditores resgataram adolescentes em condições precárias em time de futebol na Bahia
1 de 3

Adolescentes não recebiam bolsa e não havia contrato de assinatura no Jacobinense Esporte Clube

Reprodução/MPT-BA
2 de 3

Fiscalização de trabalho escravo em time de futebol aconteceu após prisão de técnico por assédio sexual

Reprodução/MPT-BA
3 de 3

Auditores resgataram adolescentes em condições precárias em time de futebol na Bahia

Reprodução/MPT-BA

Além disso, a contratação dos adolescentes acontecia de forma irregular, sem assinatura de contrato, pagamento de bolsa auxílio e garantia de matrícula em escola. O resgate aconteceu após a prisão de um técnico de futebol do time acusado de assédio sexual.

Extração de rochas

Já o vereador eleito de Vera Mendes (PI), Fabiano Francisco da Silva, do MDB, foi parar na lista suja do trabalho escravo após o resgate de trabalhadores na região do Saco Fundo, zona rural de Isaías Coelho, interior do Piauí.

De acordo com o Ministério do Trabalho, trabalhadores extraiam rochas de forma manual em condições degradantes. Eles não tinham registro, não usavam equipamento de proteção, dormiam em redes e barracos, sem higiene.

A situação degradante de trabalhadores na extração de pedras também foi alvo de fiscalização em Quixadá (CE). O empregador autuado é o suplente a vereador Bezaliel Moura de Lima, do União Brasil.

Em resposta ao Metrópoles, a defesa de Bezaliel disse que recebeu a notícia da inclusão do nome do empresário na lista suja com surpresa, tristeza e muita indignação.

Segundo o político, as pessoas trabalhavam de forma voluntária e espontânea, em regime de parceria. Ele nega restrição à liberdade.

A inclusão de pessoas ou empresas na lista de trabalho escravo ocorre após a conclusão definitiva do processo administrativo, sem direito a recurso.

Os políticos incluídos na “lista suja” do trabalho escravo não se enquadram automaticamente na Lei da Ficha Limpa, que torna o candidato inelegível. A lista do MTE é de empregadores autuados. Já a legislação de inegibilidade exige a condenação criminal até acabar o direito de recurso ou confirmada pelo colegiado.

Pedreiras se destacam

Dos sete casos identificados pela reportagem, quatro são de fiscalizações de trabalho escravo em pedreiras. Além de Fabiano e Bezaliel, a extração de rochas também têm relação com os casos do suplente Zé de Goes Calçamento (Republicanos), de Monsenhor Gil (PI), e do vereador eleito Roxo (Republicano), de Amarante (PI).

O vereador eleito de Beberibe (CE) Eduardo Lima (PSB) foi parar na “lista suja” após o resgate de 22 trabalhadores em uma fazenda de caju do político. Já o Fernando Morandi (PSB), de Porto Vitória (PR), é dono de uma cerâmica onde foi identificado trabalho análogo à escravidão.

Sobre o caso que envolve Zé de Goes Calçamento, representante da Construtora Gois (atual Construtora Máxima), afirmou à reportagem que a empresa é executora de obras do estado do Piauí e que o minério utilizado é um serviço terceirizado. “A gente não comunga com esse tipo de situação. Nunca fomos exploradores de pedreira, sempre fizemos a execução do serviço”, destacou o engenheiro João da Cruz.

A reportagem tenta contato com Zé de Goes, Fernando, Roxo, Fabiano e Eduardo. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?