Desembolso do BNDES para mobilidade urbana terá tombo de 20% a 25% em 2016
A falta de dinheiro público para investir, diante da crise fiscal da União e dos estados, inibe a chegada de mais projetos
atualizado
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Após um ciclo de alta puxado por investimentos de governos locais e avanços em parcerias público-privados (PPP), os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para os projetos de mobilidade urbana terão um tombo de 20% a 25% em 2016. Ano passado, a instituição de fomento liberou R$ 8,5 bilhões para transportes urbanos.
A falta de dinheiro público para investir, diante da crise fiscal da União e dos estados, inibe a chegada de mais projetos e, sem eles, 2017 também será ano de queda, informou Rodolfo Torres, chefe do Departamento de Mobilidade e Desenvolvimento Urbano do BNDES, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo.
Até 2012, o BNDES vinha liberando, a cada ano, em torno de R$ 1 bilhão para investimentos em metrô e trens urbanos. De lá para cá, novos e maiores pedidos de empréstimos chegaram, incluindo a construção de linhas de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos, o bonde moderno) e BRT (Bus Rapid Transit, os ônibus articulados em faixas exclusivas), muitos deles incluídos no chamado “legado” da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada do Rio.
Projetos
Alguns projetos de destaque dos últimos tempos são a Linha 6-Laranja do Metrô (R$ 9,5 bilhões em empréstimos), a Linha 18-Bronze (monotrilho no ABC, com R$ 3,2 bilhões em empréstimos) e a Linha 4 do Metrô do Rio (R$ 6,6 bilhões).
O projeto da Linha 18-Bronze tem dois pedidos em análise: R$ 1,2 bilhão do governo do Estado e R$ 2 bilhões do consórcio responsável pela PPP (formado pela Primav, do grupo CR Almeida, Cowan, Encalso e a argentina Benito Roggio). Pelo menos um dos empréstimos está prometido para até o fim do primeiro semestre, informou o BNDES.
Daqui por diante, com a crise fiscal, não há projetos desse porte à vista do BNDES. Após a aprovação de empréstimo de R$ 2 bilhões para o Metrô de Salvador, tocado por uma PPP controlada pela CCR, só falta mesmo o financiamento ao consórcio da Linha 6-Laranja e os empréstimos para a Linha 18-bronze.
Para Torres, ciclos de alta e baixa nos investimentos públicos são uma marca da economia brasileira, mas os governos deveriam aproveitar os períodos de vacas magras para planejar. O problema é que, quando falta dinheiro, os governos deixam os projetos de lado. “Aí tem uma virada de ciclo, e os projetos não aparecem e começa o açodamento, que também não é salutar”, afirmou Torres.