Brasil é único país da América Latina que terá corte na oferta de voos em 2015
Em setembro, o volume de assentos oferecidos caiu 1,74% em relação ao mesmo período de 2014
atualizado
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O Brasil é o único país latino que encerrará 2015 com redução na oferta de voos comerciais. Em dezembro, o país vai registrar uma queda de 3% no volume de passagens aéreas à venda no mercado, de acordo com projeções da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que consideram voos domésticos e internacionais.
O Brasil responde por cerca de um terço do tráfego aéreo da América Latina, que fechará o ano com expansão de 5% da capacidade, segundo dados dos sete maiores mercados. O maior crescimento será no México (13%), seguido de Colômbia (12%) e Chile (11%).
Com o dólar alto e a economia em recessão, as empresas brasileiras operam no vermelho e os investidores colocam em xeque a viabilidade financeira das companhias. O corte de oferta já começou. Em setembro, o volume de assentos oferecido caiu 1,74% em relação ao mesmo período de 2014, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Por enquanto, a redução vem das líderes TAM e Gol, enquanto as duas empresas menores, a Azul e a Avianca, apenas desaceleram um movimento de expansão.
Retração será ainda maior
Nos próximos meses de 2015 e 2016, a retração deve ser ainda maior. A presidente da TAM, Claudia Sender, disse que até o fim de novembro terá implementado a redução de 10% na malha doméstica, anunciado em julho. “Vamos avaliar os próximos passos conforme tivermos mais clareza, especialmente, sobre o patamar de câmbio. Somos parte de um grupo multinacional (a Latam, com sede no Chile) e podemos transferir capacidade para mercados mais fortes”, afirmou.
A Gol prevê corte de 2% a 4% na capacidade no segundo semestre deste ano. A companhia aluga entre três e quatro aviões por ano para empresas europeias durante o verão europeu, baixa temporada no Brasil. Ano que vem o número de aviões “alugados” deve ficar entre nove e 12.
Segundo estimativas do sócio da Bain&Company, André Castellini, há um excesso de oferta nos voos nacionais entre 15% e 20%. Outras duas fontes do setor estimam que há uma necessidade de retirada de “pelo menos 10%” do volume de assentos disponíveis nos voos domésticos para que as companhias possam operar com lucro.