Relação do Bradesco com organização criminosa tinha mais de 10 anos
Segundo o Ministério Público Federal o presidente do Banco, Luiz Carlos Trabuco, tinha ciência do suposto sistema criminoso visando benefícios fiscais
atualizado
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O procurador da República do Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal, Frederico Paiva, disse nesta quinta-feira (28/7) que o suposto esquema criminoso no qual o Banco Bradesco teria se envolvido teria ciência e anuência do presidente da instituição, Luiz Carlos Trabuco. Hoje, a Justiça aceitou denúncia contra o executivo e mais nove pessoas por suposto envolvimento em esquema de corrupção no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
De acordo com o procurador, há provas consistentes para responsabilidade penal de dez pessoas. “A relação do Bradesco com a organização criminosa já tinha mais de dez anos. Não se tratou de evento episódico”, ressaltou. Segundo ele, o banco teria aceitado participar do esquema criminoso.Os executivos do Bradesco são suspeitos de negociar com um grupo que comprava decisões no Carf, instância administrativa ligada ao Ministério da Fazenda que julga recursos dos contribuintes em processos com a Receita Federal. Paiva afirmou que há “provas consistentes” para constituir a responsabilidade penal dos dez denunciados. Segundo ele, a chamada organização criminosa teve diversas reuniões com diretores do banco, com o conhecimento de Trabuco. “Era nítido objetivo do Bradesco de obter por meios escusos benefícios fiscais”, afirmou.
O coordenador de Procedimentos Especiais da Corregedoria-Geral do Ministério da Fazenda, Cid Carlos Freitas, explicou que, além dos processos que constam na denúncia, foram identificadas outras 30 ações que envolveriam negociações entre os suspeitos. Segundo ele, a Fazenda pode pedir nova análise de todos esses processos tributários do Bradesco.