Prisões foram decididas após início de atos preparatórios de ataques
Estas foram as primeiras prisões no País com base na Lei Antiterrorismo. Segundo o ministro, a célula terrorista não era organizada, porém o governo agiu como forma de prevenção
atualizado
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O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quinta-feira, em entrevista coletiva para detalhar a operação da Polícia Federal nas prisões de suspeitos de terrorismo, que a ação foi decidida após os grupos iniciarem atos preparatórios para possíveis ataques na Olimpíada do Rio de Janeiro.
Estas foram as primeiras prisões no País com base na Lei Antiterrorismo. Segundo o ministro, a célula terrorista não era organizada, porém o governo agiu como forma de prevenção. Moraes voltou a afirmar que o grau de risco de atentado no Brasil não aumentou e continua “mínimo”. O ministro disse que mantém a avaliação de que a principal preocupação do governo é a segurança pública, e não o terrorismo.“Não vamos esperar um milímetro de ato preparatório para agir, por mais insignificante, vai ter operação rápida e dura”, declarou. Moraes classificou a célula como “absolutamente amadora e sem nenhum preparo”. “Uma célula amadora não ia procurar comprar uma arma na internet. Reitero, por isso a questão da segurança pública é muito mais importante e gera mais preocupação. Porém nenhum órgão de segurança poderia ignorar fatos preparatórios, não seria de bom senso aguardar para ver”, afirmou.
“Estamos monitorando vários indivíduos, mas a partir do momento que isso passa para atos preparatórios passa para uma atuação mais drástica”, ressaltou.
Treinamentos
Segundo Moraes, o grupo de suspeitos dizia inicialmente que “o Brasil não fazia parte da coalizão do Estado Islâmico”, porém, com a proximidade da Olimpíada, consideraram que “o país passava a fazer parte do alvo”.
Os dois atos preparatórios mais fortes do grupo, segundo Moraes, foram treinamentos com armas e de artes marciais. O grupo recentemente também começou a pensar em formas de financiamento. Os suspeitos não mencionavam possíveis alvos para os ataques, nem a forma com que fariam os ataques. “Eles não aprofundaram questões para a execução de atentados terroristas, não citaram bombas, por exemplo”, disse Moraes.
O ministro confirmou que foram emitidos 12 mandatos de prisão para dez Estados diferentes (Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso); desses, dez já foram presos, cada um em um Estado diferente, e outros dois foram localizados e devem ser presos ainda hoje.
De acordo com Moraes, eles conversavam por grupos de WhatsApp e Telegram e a maioria deles não se conhecia pessoalmente. As conversas para ações teriam se intensificado há alguns dias. Nas últimas semanas, o grupo comemorou atentados terroristas no exterior, como em Nice, na França, e, antes, em Orlando, nos EUA
Moraes afirmou que a ordem judicial foi emitida pela Justiça Federal do Paraná porque o líder do grupo é da capital, Curitiba O líder chegou a tentar comprar um fuzil AK-45 em um site clandestino no Paraguai, tentativa que foi identificada por meio de e-mails, porém não foi confirmado se ele conseguiu de fato comprar a arma.
Ato combatido
“O fato de ele estar querendo comprar o fuzil é um ato preparatório que deve ser combatido”, considerou Moraes. O suspeito também incentivou os membros do grupo a iniciarem treinamentos de artes marciais e de manuseio de armas. Mas os treinos não eram organizados e eram de responsabilidade individual, o que, para Moraes, deixa claro que a célula não era organizada.
A identidade dessas pessoas e a faixa etária do grupo não foi divulgada por razões de segurança. Um menor foi citado na conversa, porém não foi preso. Ainda de acordo com o ministro, todos os suspeitos são brasileiros e nenhum deles teve contato direto com o Estado Islâmico.
Cerca de cinco integrantes chegaram a fazer um “batismo” do Estado Islâmico na internet, onde é feito um juramento oral, mas sem contato presencial. Desse grupo, dois deles já haviam sido presos antes por homicídio e ficaram seis anos cada no cárcere.
A operação de hoje é resultado de uma integração entre a Abin, a Polícia Federal, as Forças Armadas e agências de informação internacionais. Além das prisões, também foram emitidas ordens de busca e apreensão. O ministro disse que “muito material foi apreendido” e que há muito mais para ser analisado. Entre os itens apreendidos, segundo Moraes, foram levados computadores e celulares.