Votos pró-impeachment lideram sessão na Câmara
Os parlamentares estão reunidos para decidir sobre o processo com votos de “sim” e “não” — são necessários 342 votos para a aprovação
atualizado
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Após quase quatro horas de discursos neste domingo (17/4), os deputados iniciaram, às 17h45, a votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, que definirá o futuro político da petista. Às 22h40, o placar estava em 325 votos favoráveis ao impedimento, com 117 contrários, 6 abstenções e 2 ausências.
A ordem de votação intercala unidades da Federação de diferentes regiões, na seguinte ordem: Roraima, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Amapá, Pará, Paraná, Mato Grosso do Sul, Amazonas, Rondônia, Goiás, Distrito Federal, Acre, Tocantins, Mato Grosso, São Paulo, Maranhão, Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Piauí, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Bahia, Sergipe e Alagoas.
Em cada estado, será seguida a ordem alfabética dos nomes dos parlamentares.
Confira, em tempo real, a decisão de cada um:
Discussões
A sessão de votação do processo de impeachment começou com confusão. Pouco depois das 14h, o clima esquentou em plenário, com diversas intervenções do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Às 17h, 501 dos 513 deputados estavam na Casa. Eles estão reunidos para decidir o processo, com votos de “sim” e “não”. Acompanhe ao vivo:
Antes do pronunciamento do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), relator do processo, começar, os parlamentares se exaltaram. Arantes teve 25 minutos para falar sobre o assunto. “Alguns afirmaram que não houve má fé da presidente da República (em atrasar o pagamento aos bancos), pois governos anteriores já tinham adotado tais práticas, inclusive com a conivência do TCU. Isso não é verdade. O Tribunal de Contas detectou a conduta ilícita pela primeira vez nas contas públicas. Nunca houve tanta demora para repassar o dinheiro aos bancos públicos”, disse o relator.
O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani, usou o pronunciamento para dizer que o partido é favorável ao processo de impeachment. “Alguns companheiros não acompanharão a posição da bancada. Mas quero dizer que respeito a posição de cada um de vocês. No fim desse processo, seremos grandes. A vitória deve ser do Brasil, do povo brasileiro”, afirmou.
Aspectos técnicos
O presidente da comissão especial de impeachment, Rogério Rosso (PSD-DF), fez um balanço dos trabalhos do colegiado e comparou o procedimento atual com o que ocorreu em 1992, no impeachment de Fernando Collor. “Me disseram para acompanhar o mesmo rito 1992. Assim o fiz pelo regulamento. No entanto, não poderia apenas fazer três reuniões como foi à época. Fizemos 11 reuniões com mais de 50 horas de debate”, afirmou.
Ele completou ainda que, há 24 anos, não foi dada a oportunidade para os advogados se
pronunciarem na comissão. “Desta vez, o ministro Cardozo se pronunciou por duas vezes. É a homenagem que esta casa faz a ampla defesa, ao contraditório”, completou referindo-se ao ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, que pediu a anulação do relatório do deputado Jovair Arantes.
No entanto, Cardozo teve o pedido rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) “Não fui eu quem ratificou o trabalho da comissão e sim o STF, que ao analisar diversos mandados de seguranças, nenhum foi considerado válido”, disse Rogério Rosso.
Ronaldo Fonseca destacou a união da bancada do DF. “Nós queremos o impeachment, o Distrito Federal quer o impeachment já. Não há golpe, as ruas pedem isso. O Brasil quer mudança”.
A petista Erika Kokay contra-atacou a posição de Fonseca. “Esse país não será o país do ódio. Não me venham dizer que tentar rasgar a Constituição é respeitá-la”, declarou a parlamentar.
Processo
Cada um dos 513 deputados vai definir o destino de Dilma Rousseff, a primeira mulher a governar o Brasil, reeleita em 2014 com 54,5 milhões de votos. Especialistas, entretanto, questionam se o resultado será capaz de mudar o rumo do país, num curto espaço de tempo, que despenca ladeira abaixo.
Após uma eventual aprovação do impeachment na Câmara, a presidente só será afastada do cargo se o Senado também decidir pela continuação do processo. É preciso o voto de 41 dos 81 senadores (maioria simples). Seria, então, formada uma comissão de senadores para analisar o caso, num processo que poderá levar até 180 dias.
Opinião dos deputados
Os deputados da bancada do DF na Câmara comentaram o impeachment ao vivo, na página do Metrópoles no Facebook. De acordo com Laerte Bessa (PR), sete deputados são a favor do impeachment e um contra. A reportagem também ouviu o distrital Rodrigo Delmasso (PTN). Confira: