Temer e Aécio se reúnem com Renan Calheiros nesta quarta-feira (27/4)
A reunião já era prevista na agenda do presidente do Senado, que vem participando de uma série de encontros nos últimos dias
atualizado
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Enquanto o processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff (PT) caminha no Senado, o vice-presidente Michel Temer (PMDB) realiza reuniões para costurar acordos para o seu provável governo. Nesta quarta-feira (27/4), por volta das 12h, Temer se dirigiu à residência oficial do presidente do Senado, localizada no Lago Sul. O senador Aécio Neves (PSDB) também participa do encontro.
O encontro estava previsto na agenda de Renan, que vem participando de uma série de encontros nos últimos dias. Há menos de 24 horas, na tarde desta terça-feira (26), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve na residência oficial para conversar com Renan sobre os rumos que a política nacional está tomando. De acordo com o presidente do Senado, Lula disse acreditar muito no Brasil, destacando que o país é maior do que a crise, e que ele estava disposto a colaborar.Ainda na terça, o vice-presidente conversou com movimentos sociais contrários ao impeachment, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Central Única de Trabalhadores (CUT).
Ruralistas
Representantes do agronegócio vão se reunir ainda nesta quarta-feira com o vice-presidente. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e pelo menos mais 10 entidades devem participar do encontro, que ocorrerá no anexo II do Palácio do Planalto. O objetivo é entregar um documento de sete páginas com propostas e os principais entraves que emperram o desenvolvimento da agropecuária. Entre as ações está a proposta de extinção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
O fim da companhia é tema recorrente desde o governo Fernando Collor de Mello, quando a Conab foi criada depois da fusão de três órgãos federais: Cobal, Cibrazem e CFP. O projeto original era que a Conab fosse um órgão de inteligência, o Ipea da agricultura. Além dos ruralistas, a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, tem projeto semelhante.
Ela pretende vender armazéns e se desfazer de patrimônio e parte dos estoques públicos mantidos pela companhia, transformando a estatal em uma empresa de inteligência. Esse tema, inclusive, deve ser tratado pela ministra em uma reunião com a presidente Dilma Rousseff, ainda nesta quarta, ocasião em que também devem ser acertado detalhes sobre o Plano Safra, que Kátia Abreu pretende divulgar em 4 de maio.
Medidas de governança
Entre outras propostas, os ruralistas irão apresentar medidas de governança institucional, política agrícola, acordos comerciais, direito de propriedade e segurança jurídica, meio ambiente, infraestrutura e logística, defesa agropecuária e relações trabalhistas. A reunião também será usada para dar um recado a Temer. O grupo não pretende aceitar “amadores” no comando da Pasta.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, a FPA diz que no comando da Pasta é “imprescindível um líder diferenciado”, com conhecimento do setor e estreito relacionamento com as entidades representativas e com as lideranças políticas. “Essa é a condição indispensável para que tenha o necessário apoio a fim de implantar todas as mudanças que o setor mais exitoso da economia necessita”, diz a nota.
Até o momento, estão listados 12 parlamentares e dez entidades na comitiva que será recebida por Temer. Nessa lista estão também os senadores Blairo Maggi (PR-MT), Ronaldo Caiado (DEM-GO) e Wellington Fagundes (PR-MT).
O presidente da FPA, o deputado Marcos Montes, disse que as propostas foram desenhadas em conjunto com 38 entidades que representam quase 100% do seguimento produtivo rural. “Este é o momento certo de darmos nossa contribuição”, disse. “Nossas propostas estão divididas em sete grandes eixos e compõem a pauta positiva do setor agropecuário para o desenvolvimento do Brasil”, disse.