Romero Jucá pede exoneração do Ministério do Planejamento
O peemedebista tomou a decisão após a divulgação de conversas entre ele e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado nas quais se discute como frear a Operação Lava Jato
atualizado
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Romero Jucá não teve forças para ficar nem duas semanas à frente do Ministério do Planejamento. Dez dias após ser nomeado para o primeiro escalão da gestão Michel Temer, o senador do PMDB de Roraima anunciou, nesta segunda-feira (23/5), que pediu licença do cargo. A decisão, comunicada a Temer à noite, foi tomada após a divulgação de diálogos em que Jucá falou sobre um possível pacto para frear a Lava Jato após o impeachment de Dilma Rousseff.
Mais tarde, Jucá corrigiu o termo e disse que não se trata de licença, mas sim de exoneração do cargo. “Tecnicamente, vou pedir exoneração e meu secretário executivo (Dyogo Oliveira) assume”, afirmou em entrevista no Salão Verde da Câmara dos Deputados, quando se dirigia para a Comissão Mista de Orçamento (CMO).
Romero Jucá, que também é o primeiro vice-presidente nacional do PMDB, disse que voltará ao cargo de senador por Roraima. Ele afirmou ainda que espera um posicionamento do Ministério Público sobre sua situação. Quem assume a pasta interinamente é o secretário executivo Dyogo Henrique de Oliveira, que foi alvo de investigação na Operação Zelotes.
Caso volte ao Senado, Jucá não terá vida fácil. Ao ser questionado sobre a informação de que o senador Telmário Mota (PDT-RR) pediria a cassação do seu mandato no Conselho de Ética, o peemedebista subiu o tom: “O senador Telmário Mota deveria entregar é a mulher dele, que está foragida da polícia”.
Mulher de Telmário
Ao se referir à mulher de Telmário, Jucá se referia à decisão da Justiça de Roraima, na manhã desta segunda (23), que pediu a prisão de Suzete Macedo de Oliveira e de outras cinco pessoas. Ex-deputada estadual, ela foi condenada pelo envolvimento no esquema de desvio de recursos públicos conhecido como “escândalo dos gafanhotos”.
O esquema cadastrava funcionários fantasmas na folha de pagamento do estado para distribuição dos salários a deputados estaduais e outras autoridades em troca de apoio político.
Suzete teve negado pedido de habeas corpus preventivo pelo Tribunal Regional Federal (TRF), o que motivou a determinação de sua prisão pela Justiça Federal. Condenada a 6 anos e 8 meses de reclusão, ela não havia sido presa até a publicação desta reportagem.
Entenda a crise
Em diálogos gravados em março deste ano, Jucá sugeriu ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado que uma “mudança” no governo federal resultaria em um pacto para “estancar a sangria” representada pela Operação Lava Jato, que investiga ambos.
As conversas somam mais de uma hora e 15 minutos e estão com a Procuradoria-Geral da República (PGR), que na semana passada pediu abertura de inquérito contra o político. A ação apura um esquema de pagamento de propina na obra da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará.
Segundo reportagem de Rubens Valente, do jornal Folha de S.Paulo, as conversas, ocorreram semanas antes da votação na Câmara dos Deputados que desencadeou o impeachment da presidente Dilma Rousseff.