Patrícia Lélis pede desculpa às feministas
Estudante de 22 anos que acusa o deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) de tentativa de estupro e agressão disse que, “hoje, quem faz barulho na internet e na mídia para o meu caso não ser esquecido é o grupo feminista”
atualizado
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A estudante de jornalismo Patrícia Lélis, 22 anos, que acusa o deputado federal pastor Marco Feliciano (PSC-SP) de tentativa de estupro e agressão, pediu apoio à Procuradoria Especial da Mulher do Senado Federal na tarde desta segunda-feira (8/8).
No Congresso, Patrícia Lélis pediu desculpas às feministas. Ela afirmou que, por diversas vezes, criticou o segmento, mas que, agora, quem está do lado dela são as mulheres que apoiam a causa. “Sempre me posicionei politicamente como uma pessoa de direita, mas, hoje, o meu posicionamento é outro. Do mesmo jeito que a direita diz que a esquerda tem os seus bandidos de estimação, hoje eu posso dizer que a direita também tem os bandidos de estimação”, afirmou.
Segundo Patrícia, todo mundo da direita — incluindo o partido do qual integrava, o PSC — virou as costas para ela. “Continuo com meus pensamentos conservadores: sou contra o aborto e outras coisas, mas hoje, quem faz barulho na internet e na mídia para o meu caso não ser esquecido é o grupo feminista”, completou.
As declarações foram dadas pouco após Patrícia conversar com a imprensa, por cerca de 30 minutos, ao deixar a Procuradoria Especial da Mulher no Senado. Ela deu detalhes de como saiu do apartamento de Feliciano, em 15 de junho, quando as possíveis agressões ocorreram. “Uma vizinha ouviu os gritos. Ela tocou tantas vezes a campainha que não teve como ele não abrir. Quando ela abriu, eu saí”, afirmou.Patrícia, que era do PSC Jovem, disse que Feliciano nunca a ameaçou. “As ameaças sempre vieram do (Talma) Bauer (assessor do deputado). Eu tinha medo de morrer”, disse. A estudante do último semestre de jornalismo no UniCeub reafirmou que, coagida, entregou a Bauer a senhas do Facebook e acesso ao WhatsApp. “Ele me ameaçava, estava armado. Dei as senhas para ele.” Segundo ela, Bauer instalou o WhatsApp Web para responder às pessoas, e a mantinha perto para se conectar.
Durante a coletiva, ela disse ter isso a São Paulo para uma entrevista de emprego a convite de Emerson Biazon, que se identificou como diretor da Record de Campinas. Chegando lá, Bauer foi acionado e a obrigou a gravar vídeos nos quais negava que Feliciano tivesse tentado estuprá-la. Ao deixar o Senado, Patrícia seguiu para o Instituto Médico Legal (IML)
Boletim de ocorrência
Patrícia registrou boletim de ocorrência contra o parlamentar no domingo (7), na Delegacia da Mulher. Ela passou cerca de três horas conversando com o delegado de plantão.
Nesta segunda (8), deputadas do PT na Câmara entregaram à Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, do Ministério Público Federal (MPF), uma representação contra Feliciano.
As primeiras queixas vieram à tona após a publicação da coluna Esplanada, do Uol, com as afirmações de Patrícia de que ela teria sido vítima de assédio sexual pelo deputado. Depois, foram publicados vídeos dela negando os abusos.
Na última quinta -feira (4), a jovem foi até o 3º Distrito Policial de São Paulo (Campos Elísios) e acusou o chefe de gabinete de Feliciano, Talma Bauer, de mantê-la em cárcere privado para gravar vídeos favoráveis ao deputado, negando qualquer tipo de abuso. A mãe viu as imagens e foi resgatá-la.