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Para cúpula do PMDB, Dilma abdica do governo ao trazer Lula para ministério

Já para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, atitude não vai mudar o cenário político

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Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Dilma Rousseff e Lula
1 de 1 Dilma Rousseff e Lula - Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O retorno do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto como ministro da presidente Dilma Rousseff foi considerado, nesta terça-feira (15), por integrantes da cúpula do PMDB, o fim do governo da petista. A avaliação corrente entre lideranças peemedebistas é de que Dilma está “abdicando” de seu governo ao trazer Lula para dentro de “casa”. Entre os cargos que o petista poderá assumir está a Secretaria de Governo, cadeira ocupada atualmente pelo ministro Ricardo Berzoini, responsável por conduzir as negociações do Palácio do Planalto com as lideranças da base aliada no Congresso.

Dentro da cúpula do PMDB, não há consenso, porém, sobre qual poderá ser o impacto da atuação de Lula junto aos aliados. A expectativa é que, ao assumir o novo posto, o ex-presidente inicie um processo de reaglutinação, intensificando as conversas com as principais lideranças no Congresso. O entendimento de parte do PMDB é que Lula até poderá trazer um “novo gás” para o governo e dessa forma “embaralhar” os avanços do processo de impeachment contra Dilma e o desembarque da legenda.

Por outro lado, alguns setores do partido entendem que Lula se enfraqueceu com os desdobramentos mais recentes da Lava Jato e as manifestações anti-PT realizadas no último final de semana em todo o País. Em razão disso, deverá ter dificuldades no curto prazo para reorganizar a base aliada. O tempo de reação do “novo governo” é considerado como fundamental, uma vez que no radar dos peemedebistas está o calendário do impeachment.

Nos cálculos do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o processo de afastamento da presidente na Casa deve ser concluído nos próximos 45 dias. Após passar pela avaliação dos deputados, o processo deverá ser encaminhado para o Senado e, se recebido, abre-se o prazo de 180 dias de afastamento da presidente.

Corpo a corpo
Em meio aos avanços da crise política no Congresso e da sinalização de afastamento do PMDB, a presidente Dilma Rousseff passou a intensificar nos últimos dias o corpo a corpo com lideranças da legenda do Senado consideradas primordiais para impedir os avanços do processo de impeachment.

A presidente se reuniu no Palácio do Planalto com o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), que em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo no último sábado (12/3), afirmou que o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), e a legenda estão preparados para assumir o comando do País, caso Dilma seja afastada do cargo.

“Fiz uma análise verdadeira do cenário”, afirmou Eunício após deixar o Palácio. Questionado se Dilma demonstrou preocupação com o atual momento, o peemedebista inicialmente esquivou-se: “Encontrei uma Dilma muito serena. Ela é muito forte”. Em seguida emendou: “Mas como não estar preocupado com o cenário político e econômico? Agora tudo ficou anormal”.

Cunha
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), levantou dúvidas se a ida do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o Palácio do Planalto como ministro pode mudar o cenário político para salvar o governo Dilma Rousseff. “Efetivamente não sei se é a melhor saída para nenhum dos dois. Isso não vai mudar o cenário e não sei para quem isso é bom”, comentou.

O peemedebista lembrou que a base já passa por um processo de deterioração e que não há perspectiva de melhora do ambiente em favor do governo. “É muito pouco provável que melhore porque a deterioração da base do governo já está num tal nível que acho de difícil reversão. A tendência é só perder, não tem o que ganhar. Acho que não tem mais ninguém que possa chegar e mudar essa relação”, disse o presidente da Casa, se referindo ao aprofundamento da crise política e econômica e o escândalo de corrupção que envolve, a cada dia, novos nomes do governo.

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