Operadora informou Sergio Moro sobre grampo em escritório de advocacia
Empresa teria avisado duas vezes ao juiz que o número interceptado pertencia à empresa. Documentos contradizem o magistrado, que negou ter pedido a interceptação
atualizado
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As informações são do site ConJur, que mostra a resposta do juiz em ofício enviado ao Supremo Tribunal Federal nesta semana, afirmando desconhecer o grampo determinado por ele na operação “lava jato”.
“Desconhece este juízo que tenha sido interceptado outro terminal dele [Roberto Teixeira] ou terminal com ramal de escritório de advocacia. Se foi, essas questões não foram trazidas até o momento à deliberação deste juízo pela parte interessada”, diz Moro em documento ao STF.
No documento, Moro afirma desconhecer o grampo determinado por ele na Lava Jato, ao contrário do que apontam dois ofícios enviados pela Telefônica à 13ª Vara Federal de Curitiba, no dia 23 de fevereiro (quando foram determinados os grampos) e outro do dia 7 de março (quando foram prorrogadas as escutas). Os documentos discriminam cada um dos números que Moro mandou interceptar.
O Ministério Público Federal indicou o número do escritório como se fosse de uma empresa do ex-presidente Lula (Lils Palestras e Eventos), conseguindo que segredos e estratégias de defesa em centenas de casos chegassem às mãos dos acusadores antes de serem levadas aos tribunais. O MPF diz que foi por engano, mas não responde em relação a destruição das conversas.
Os documentos deixam claro que um dos telefones grampeados pertence ao Teixeira, Martins e Advogados, descrevendo, inclusive, o endereço da banca. Os documentos estão no processo que determinou a quebra do sigilo também dos telefones do Instituto Lula e de seu presidente, Paulo Okamotto; do Instituto de Pesquisas e Estudos dos Trabalhadores; e de Vania de Moraes Santos, Elson Pereira Vieira e Clara Ant.
Ainda de acordo com o processo, Moro autorizou essa escuta por entender que ela poderia “melhor esclarecer a relação do ex-Presidente com as empreiteiras [Odebrecht e OAS] e os motivos da aparente ocultação de patrimônio e dos benefícios custeados pelas empreiteiras em relação aos dois imóveis [o triplex em Guarujá (SP) e o sítio em Atibaia (SP)]”.
Além dos documentos da Telefônica, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil já havia enviado um ofício ao juiz federal requerendo informações sobre a interceptação dos telefones do escritório Teixeira, Martins e Advogados durante a “lava jato”, uma semana antes de o juiz enviar ao STF o documento interpretado como um pedido de desculpas pelos transtornos causados com a divulgação de conversas da presidente Dilma Rousseff.
A assessoria de imprensa da Justiça Federal do Paraná afirmou que não vai se manifestar sobre o assunto.