Operador revela a Moro “conta corrente” de propina do PT
Zwi Skornicki declarou ainda ao juiz federal ter pago US$ 4,5 milhões ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, entre 2013 e 2014
atualizado
Compartilhar notícia
O engenheiro Zwi Skornicki, apontado na Operação Lava Jato como operador de propinas do esquema Petrobras, declarou ao juiz federal Sérgio Moro ter pago US$ 4,5 milhões ao casal de marqueteiros João Santana e Mônica Moura, entre 2013 e 2014. Ele revelou a existência de uma “conta corrente” por meio da qual repassava valores ilícitos a ex-dirigentes da Petrobras e a credores do PT por indicação do então tesoureiro do partido, João Vaccari Neto.
Em depoimento na quinta-feira (21/7), Skornicki afirmou que “acertou” os repasses diretamente com Vaccari – preso e já condenado na Lava Jato.
Skornicki assinou acordo de delação premiada, que ainda não foi homologado pelo juiz Moro. Ele foi ouvido como “colaborador”, com o compromisso de dizer a verdade. Afirmou que pagou propinas em todos os contratos referentes às Plataformas P51 e P52 “com o conhecimento de que ia para agentes das Petrobras”.
Contou que também “tratou diretamente” sobre valores ilícitos com Pedro Barusco e Renato Duque, respectivamente ex-gerente de Engenharia e ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera.
João Vaccari Neto
Barusco fez delação e está em liberdade. Duque continua preso. Segundo Zwi Skornick, foi dito a ele que 50% da propina sobre contratos da Petrobras “iam para o partido” – e relatou que “tratava da parte do partido com João Vaccari”.
Segundo Zwi, foi o então tesoureiro do PT quem indicou o nome de Mônica Moura para que pagasse a ela parte da propina. Mônica indicou a ele a conta Shellbill para receber o dinheiro. Ele afirmou que os US$ 4,5 milhões que entregou aos marqueteiros de Lula e Dilma tiveram origem em “propina da Petrobras”.
“Foi feita uma conta corrente do sr. Vaccari”, declarou. “O Barusco quem me apresentou a ele. O Barusco disse que ele (Vaccari) faria a coordenação desses recebimentos.” O engenheiro contou que manteve encontros pessoais com Vaccari, “algumas vezes em seu escritório ou no hotel onde ele (Vaccari) ficava”.
“Essa conta corrente foi feita e sendo paga a pessoas que o sr. Vaccari ia indicando no exterior ou no Brasil”, afirmou Zwi Skornicki. “Os pagamentos eram todos autorizados pelo sr. João Vaccari.”
Numa das visitas do sr. Vaccari no meu escritório ele disse que tinha que fazer uns pagamentos para o sr. João Santana e para Mônica Moura e que a Mônica iria me procurar. Ela esteve no meu escritório.
Zwi Skornicki
O valor “combinado” e autorizado por Vaccari era de US$ 5 milhões. “Eu disse a ela (Mônica) que não tinha como pagar de uma vez porque o que tinha de saldo dos contratos da Petrobras não era suficiente. Ficou combinado (o pagamento) em 10 parcelas de 500 mil dólares. Foi uma conversa muito curta, ela chegou no meu escritório e disse ‘vim aqui a mando do sr. Vaccari, gostaria de acertar com o sr. o pagamento’. Eu comentei que não poderia pagar de uma vez. Paguei só 9 de 500 mil até novembro de 2014. Mas ela (Mônica) nunca comentou porque tinha que receber os 5 milhões.”
O engenheiro também revelou como a conta corrente era abastecida “A conta corrente abrangia contratos da Petrobras e da Sete Brasil.”
Defesas
O advogado Luiz Flávio Borges D’urso, que defende João Vaccari Neto, reagiu com veemência às acusações ao ex-tesoureiro do PT. “Isso (as afirmações de Zwi Skornicki, Mônica Moura e João Santana perante o juiz Sérgio Moro) é palavra ou de delator ou de alguém que já está negociando delação. Portanto, coloco no mesmo plano. Isso depende de provas, caso contrário não vai passar de mera informação trazida por delatores. E prova não será obtida porque isso não reflete a verdade”, afirmou.