“Não é verdade”, diz Berzoini sobre delação de cobrança de propina
O ex-ministro Ricardo Berzoini negou as acusações feitas nesta terça-feira (25/7) pelo executivo Flávio Gomes, ao juiz Sérgio Moro na Lava Jato
atualizado
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O ex-ministro e ex-presidente do PT Ricardo Berzoini afirmou que “não corresponde à verdade” as afirmações que o executivo Flávio Gomes Machado Filho, um dos delatores da Lava Jato, fez nesta segunda-feira (25/7) ao juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato.
Em quase 30 minutos de depoimento, Flávio Machado – ex-diretor da Andrade Gutierrez – disse que Berzoini fazia “cobranças incisivas” de propina no valor de 1% de todos os contratos que a empreiteira tinha com o governo federal.A imposição de Berzoini, segundo o delator contou a Moro em audiência nesta segunda-feira, ocorreu durante reunião que teria ocorrido em 2008, na qual também estavam o tesoureiro do PT à época, Paulo Ferreira, seu sucessor João Vaccari Neto e o então presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo.
Diante de Sérgio Moro, o ex-executivo da Andrade Gutierrez confirmou os termos da delação premiada que fez na Procuradoria-Geral da República.
Berzoini presidiu o PT em duas ocasiões, entre 2005 e 2006 e de 2007 a 2010.
“De uma forma incisiva e um pouco além do tom (foram feitos pedidos) pelo presidente (do PT, Ricardo) Berzoini para o presidente Otávio”, disse Machado no depoimento. “Veladamente deu para entender que poderia haver algum tipo de situação desconfortável para nós”, afirmou. Segundo ele, o clima da conversa foi “bastante desagradável”.
Flávio Machado afirmou ainda que a Andrade Gutierrez efetuou pagamentos referentes aos contratos para obras na Venezuela, financiadas pelo BNDES. Segundo o empreiteiro, a propina foi paga ao PT via doações legais.
Nesta terça-feira, 26, Berzoini reagiu enfaticamente. “Não comento o conteúdo da delação. Só posso dizer que trata-se de um assunto que é mais um vazamento seletivo de matéria que deveria estar sob sigilo e que não corresponde à verdade”, disse Berzoini.
Ao ser informado que o empreiteiro fez as afirmações durante uma audiência tornada pública pela Justiça Federal, o ex-ministro rebateu. “Audiência em que citam nomes de terceiros antes do contraditório do citado. Lamentável”, disse. Ele ressaltou que aguarda a orientação de seus advogados.
Os relatos de delatores da Andrade Gutierrez sobre a suposta cobrança de propina que teria sido feita por Berzoini motivaram o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a pedir a inclusão, em maio deste ano, do ex-ministro no chamado inquérito-mãe da Operação Lava Jato, no qual são investigados crimes de formação de quadrilha. O pedido está sendo analisado pelo Supremo Tribunal Federal.