Ministro da Justiça afirma que não aceitará vazamentos da PF
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Eugênio Aragão também criticou os métodos da Operação Lava Jato
atualizado
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O novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, deu um recado à Polícia Federal: não vai tolerar vazamentos. Em entrevista à Folha de S.Paulo, neste sábado (19/3), ele falou que trocará a equipe inteira caso informações das investigações cheguem à imprensa.
Cheirou vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe será trocada, toda. Não preciso ter prova. A Polícia Federal está sob nossa supervisão
Eugênio Aragão, à Folha de S.Paulo
Eugênio Aragão chegou ao Ministério da Justiça para substituir José Eduardo Cardozo – que foi transferido para a Advocacia-Geral da União. Nos bastidores, a informação é que troca ocorreu para que o governo tivesse mais controle sobre as investigações da PF, principalmente, da operação Lava Jato, que atinge nomes da cúpula do partido – como o ex-presidente Lula.
Aragão também questionou os métodos utilizados na Lava Jato. “Na medida em que decretamos prisão preventiva ou temporária em relação a suspeitos para que venham a delatar, essa voluntariedade pode ser colocada em dúvida. Porque estamos em situação muito próxima de extorsão. Não quero nem falar em tortura. Mas no mínimo é extorsão de declaração. Se a gente tolera que o grandalhão vai para cadeia enquanto não resolve abrir a boca, então o pequeno pode ir para o pau de arara”, disparou.As declarações do ministro da Justiça geraram repercussões imediatas na PF e no Ministério Público. Carlos Miguel Sobral, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF), afirmou que as declarações de Aragão mostram o interesse em se acabar com a Lava Jato.
José Robalinho Cavalcanti, presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), acredita que o ministro errou ao politizar a investigação.