Michel Temer tira urgência de textos contra corrupção
Com a determinação, o governo deve incluir as propostas a partir da próxima semana na comissão especial que analisará o projeto 10 Medidas Contra a Corrupção
atualizado
Compartilhar notícia
O presidente em exercício Michel Temer vai tirar nesta quarta-feira (6/7), o regime de urgência dos três projetos de combate à corrupção propostos pela presidente afastada Dilma Rousseff, no ano passado, que tramitam atualmente no plenário da Câmara. A proposta foi feita ontem pela base aliada de Temer na Casa, após reunião com o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Com a determinação, o governo deve incluir as propostas a partir da próxima semana na comissão especial que analisará o projeto 10 Medidas Contra a Corrupção, apresentado pelo Ministério Público Federal e por uma ação popular que coletou mais de 2 milhões de assinaturas. Da reunião com Janot participaram 18 deputados de 14 partidos.
Lançamento
O pacote de Dilma foi lançado como resposta às manifestações de março de 2015 e inclui criminalização de caixa 2 e tipificação do crime de enriquecimento ilícito de agentes públicos.
Moura diz que a iniciativa se justifica por causa da necessidade de discutir as propostas, o que poderá ocorrer na comissão especial para onde os textos serão enviados. A estimativa é de que os trabalhos durem de dez a 40 sessões plenárias.
O líder do governo alegou que o regime de urgência precisa ser retirado para que outros textos prioritários para o Planalto sejam apreciados, como a renegociação das dívidas dos Estados e o projeto que muda regras de exploração do pré-sal.
O parlamentar afirmou que todos os partidos vão indicar nomes para a comissão até hoje, para que o colegiado seja instalado na próxima semana. O compromisso teria sido firmado na reunião com Janot, que pediu celeridade na análise das matérias.
Até a manhã de ontem PMDB, PP, PT, PSC e PC do B não haviam indicado integrantes. Mas, no início da tarde, o PC do B indicou Angela Albino (SC) e o PMDB, Celso Maldaner (SC), Alexandre Serfiotis (RJ), Josi Nunes (TO) e Valdir Colatto (SC). Faltam PT e PSC.
Em nota, Janot destacou que é importante existir uma conversa “franca e aberta” entre Ministério Público e Congresso. Ele afirmou que o objetivo das medidas não é criminalizar a política “Respeitamos o Parlamento e entendemos que, sem a política, não há solução.”
Abuso de autoridade
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que votará o projeto que define crimes de abuso de autoridade antes do recesso parlamentar, em 13 de julho. A proposta causou estranheza pelo fato de abrigar pontos semelhantes às reclamações de parlamentares em relação à condução da Lava Jato.
“Esse projeto vai ser votado, sim. A lei de abuso de autoridade é de 1965. Está velha, anacrônica, gagá. Precisa ser atualizada. A lei não é contra o Ministério Público nem contra o Executivo. É contra o carteiraço, que é hoje uma prática generalizada no Brasil”, disse Renan.