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Lula: “Você quer ser presidente, Temer? Disputa eleição”

Último a falar, o ex-presidente chegou a puxar o grito “Não vai ter golpe!” e convocou a militância a ir para as ruas no dia da votação do impeachment

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Heinrich Aikawa/Instituto Lula
Lula – Luiz Inácio Lula da Silva
1 de 1 Lula – Luiz Inácio Lula da Silva - Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula

Em discurso para milhares de pessoas em São Bernardo do Campo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu nesta segunda, 4, que o vice-presidente Michel Temer estaria à frente de articulação política para tirar a presidente Dilma Rousseff do poder.

“Eu não tenho nada contra o vice-presidente Michel Temer. Mas, companheiro Temer, você quer ser presidente? Disputa eleição”, disse. Lula participou, na noite desta segunda-feira, de ato organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC em defesa da presidente. Os discursos ocorreram em palanque montado em cima de um caminhão, posicionado em frente à sede do sindicato.

Último a falar, Lula chegou a puxar o grito “Não vai ter golpe!” e convocou a militância a ir para as ruas no dia da votação do impeachment. “Eles estão tentando preparar uma treta para nós”, afirmou Lula. “Não vamos permitir que nossa Constituição seja rasgada, ferida, que nossa democracia seja arranhada”, acrescentou.

O ex-presidente também sugeriu que, se conseguir assumir o posto de ministro-chefe da Casa Civil, trabalhará para que o ajuste fiscal seja substituído por uma política de estímulo ao consumo. “É preciso dar uma consertada na política econômica”, afirmou. “A indústria automobilística está perdendo outra vez e nós precisamos recuperar, é preciso vender carro”, disse o ex-presidente, para um público formado principalmente por metalúrgicos. O setor enfrenta uma grave crise e cortou, só no ano passado, 14,7 mil vagas de emprego.

Apesar de sinalizar para uma política econômica que desagrada o mercado financeiro, Lula afirmou que continua sendo o “Lulinha paz e amor”, em referência ao seu primeiro mandato, quando quebrou a desconfiança dos empresários ao se mostrar um presidente que buscava a conciliação em questões econômicas. Disse ainda que aqueles que criticam a presidente Dilma por falta de diálogo irão “se lascar”, pois ele, no governo, irá conversar.

Sobre as investigações da operação Lava Jato a seu respeito, Lula voltou a falar de sua honestidade. “Duvido que exista alguém mais honesto do que eu”, disse. Ele também afirmou que “ainda tem uma tarefa a ser realizada neste País”. Suas falas eram intercaladas por gritos de apoio e aplausos. Para receber o evento, a Rua João Basso foi bloqueada pela Prefeitura.

Segundo o sindicato, cerca de 5 mil pessoas compareceram ao ato. Lula foi recebido com a música “Pra não dizer que não falei na flores”, de Geraldo Vandré, canção geralmente associada à luta contra a ditadura militar. A parte frontal do palanque exibia uma faixa com a logo do sindicato, uma imagem de Lula e a hastag #somostodosLula. Outra faixa, pendurada no próprio sindicato, estampa a frase: “Lula é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo”

Os militantes vestiam vermelho em sua maioria e balançavam bandeiras do PT, do sindicato e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Apresentações musicais embalaram o público antes da chegada do ex-presidente. Também discursaram o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, que já foi presidente do sindicato, o atual presidente da entidade, Rafael Marques, e o presidente da CUT, Vagner Freitas.

Desde que foi convidado por Dilma para assumir o comando da Casa Civil, em março, o ex-presidente tem viajado o Brasil para participar de manifestações contrárias ao impeachment e a favor da democracia. Embora ainda não tenha assumido o posto, já que teve sua nomeação suspensa pela Justiça, ele também tem colaborado com a articulação política do Planalto, em um esforço para reunir o apoio de pelo menos um terço dos 513 deputados federais, mínimo necessário para barrar o processo de afastamento da presidente. A volta de Lula ao governo, mesmo que informalmente, não impediu, no entanto, que o PMDB, até então principal aliado do PT, confirmasse a saída da base, em encontro do partido semana passada.

A provocação feita por Lula a Temer no evento de hoje não foi a primeira. No último sábado, o ex-presidente participou de ato em Fortaleza, onde criticou a oposição e afirmou que, se o vice-presidente Michel Temer assumir o governo, será um golpe. “A nossa resposta a ser dada aos opositores é garantir a governabilidade de Dilma”, disse. Ele também declarou que Temer, como constitucionalista, sabe que “impeachment é um golpe”.

Militância
“No dia em que forem colocar em votação o impeachment nós temos que estar nas ruas porque eles estão tentando armar uma treta para nós e avisar só os coxinhas”, disse Lula durante um ato em defesa da democracia na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo.

O ato começou ao som de um panelaço promovido moradores de prédios e casas próximos à sede do sindicato.

Dias depois de chamar o vice-presidente Michel Temer de golpista, em um discurso em Fortaleza (CE), Lula mediu as palavras nesta segunda ao se referir ao possível sucessor de Dilma. “Não tenho nada contra o Michel Temer. A única coisa que posso dizer é que se ele quer ser presidente que dispute a eleição. Este negócio de tentar encurtar o caminho não dá certo”, afirmou Lula.

Oradores que precederam o discurso do ex-presidente não pouparam o vice-presidente. Vagner de Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Rafael Marques, presidente do sindicato e outros usaram várias vezes a palavra “golpista” para se referir ao peemedebista.

“Não posso falar as palavras que alguns disseram porque ainda tenho uma tarefa para ser cumprida”, justificou Lula, que espera assumir na quinta-feira a chefia do ministério da Casa Civil.

O ex-presidente disse que no ministério sua principal tarefa será conversar com diversos setores da sociedade e tentar romper o isolamento do governo imposto pelo estilo de Dilma. “Se tem alguém reclamando que a Dilma não conversa vai se lascar. Porque eu vou conversar. Vou dizer para a Dilma ir governar o Brasil enquanto eu converso. Porque o Brasil precisa voltar a sorrir”, explicou Lula.

O ex-presidente, saudado aos gritos de “o Lula voltou, o Lula voltou”, disse que a partir de agora Dilma não ficará mais isolada no poder.

A companheira Dilma que às vezes fica sozinha lá naquele Palácio agora vai ter um grupo de companheiros para ajudar, para ela poder terminar o governo dela de cabeça erguida e descer a rampa como eu desci

Lula

Dizendo ter voltado ao modo “Lulinha paz e amor”, o ex-presidente, diante de uma plateia formada quase na totalidade por metalúrgicos, admitiu que é necessário “dar uma consertada na política econômica” do governo. “Sei que tem muito peão que está puto com o governo”, disse ele.

Lula se mostrou preocupado com o clima de intolerância que tem tomado conta do País, pediu para que os aliados de Dilma não entrem no “jogo rasteiro” e criticou o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, filiado ao PMDB, por causa do apoio dado pela entidade ao movimento pelo impeachment.

O ex-presidente disse que o movimento sindical deve cobrar explicações da Fiesp sobre a origem do dinheiro usado na campanha pelo afastamento de Dilma e sugeriu que se tratam de recursos públicos, provenientes do imposto sindical patronal, formado pelo desconto de 2% ao ano da folha de pagamento das empresas, que financia o chamado Sistema “S”.

“O movimento sindical precisa perguntar para o Skaf para ver se o dinheiro é público”, sugeriu Lula, que aproveitou para ironizar a Fiesp, uma das maiores defensoras da redução da carga tributária, que tem usado um pato em suas campanhas para simbolizar os contribuintes. “Eles não ficam reclamando tanto para reduzir impostos? Então por que não reduz os 2% da folha da pagamento”, alfinetou Lula.

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