Janot pede abertura de investigação contra Jucá e Renan Calheiros
Pedido do procurador-geral da República será analisado pelo ministro Teori Zavascki e atinge um dos principais nomes do governo Temer
atualizado
Compartilhar notícia
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) a inclusão do ministro do Planejamento, senador licenciado Romero Jucá (RR), e o presidente do Senado, Renan Calheiros, ambos do PMDB, no inquérito que apura um esquema de pagamento de propina na obra da hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. Também são alvos os senadores Jader Barbalho (PMDB-PA) e Valdir Raupp (PMDB-RO). Trata-se de um caso no âmbito da Operação Lava Jato.
Janot solicitou que eles passem a figurar como investigados em inquérito no Supremo que já apura a suposta participação do senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, com o esquema em Belo Monte. A investigação tem como base delações premiadas, como a do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) e de Luiz Carlos Martins, que por sua vez tem fortes ligações com a construtora Camargo Corrêa.A informação foi publicada pela Folha de S.Paulo e divulgada pelo Jornal da Globo. O dinheiro teria sido fruto de um acordo de Lobão para pagamento de campanhas do PMDB em 2014. O ex-senador contou que o “time” formado pelos senadores Renan Calheiros, Edison Lobão, Jader Barbalho, Romero Jucá e Valdir Raupp, exerceu uma influência ampla no governo, como no Ministério de Minas e Energia, Eletrosul, Eletronorte, diretorias de abastecimento e internacional da Petrobras, além das usinas de Jirau e Belo Monte.
De acordo com a delação de Delcídio, houve o pagamento de pelo menos R$ 30 milhões a título de propina pela construção de Belo Monte ao PT e ao PMDB. O caso relacionado especificamente a Lobão, que foi ministro entre 2008 e 2015, também contaria com a participação do ex-ministros Antonio Palocci, Erenice Guerra e Silas Rondeau, trabalharam no governo Lula.
Segundo Delcídio relatou em acordo de delação premiada, os quatro teriam movimentado juntos obras que chegaram R$ 25 bilhões. De total, pelo menos R$ 45 milhões teriam irrigado campanhas do PT e do PMDB nas eleições de 2010 e de 2014.
Janot afirmou no pedido que as informações dos delatores podem ser encaradas como crime de corrupção passiva. “Os políticos não apenas tinham consciência de que os valores eram provenientes das vantagens indevidas destinadas aos diretores e altos funcionários de empresas públicas e sociedades de economia mista federais, mas também atuavam, direta ou indiretamente, para a continuidade do esquema de pagamento de vantagens indevidas, seja pela manutenção dos diretores em seus cargos, seja pela manutenção do cartel de empresas ou, ao menos, pela não interferência em seu funcionamento”, escreveu o procurador-geral.
A reportagem não conseguiu contato com as assessorias dos citados. (Com informações dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo)