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Dilma no ataque: “Governo Temer é de homens brancos, velhos e ricos”

Ao longo do seu discurso, de pouco mais de 30 minutos, Dilma que se apresentou na UnB no lançamento do o livro A resistência ao golpe de 2016 reforçou a tese que o processo de impeachment é na realidade um golpe de Estado

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1 de 1 f332232c-efcb-46f9-82a4-f77fb4fef162 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

A presidente afastada, Dilma Rousseff, partiu para o ataque na noite desta segunda-feira e criticou duramente o governo interino, chefiado por Michel Temer. Segundo ela, que enfrenta um processo de impeachment no Senado, o governo do seu substituto representa valores “conservadores” das “elites” dominantes do país. Na sua visão, o objetivo do governo interino é acabar com os projetos sociais e desenvolvidos ao longo de 13 anos do governo do PT. “Este é um governo de homens brancos, velhos e ricos. Isto está claro na visão que eles têm sobre a participação das mulheres no primeiro escalão”, afirmou Dilma em relação a ausência de mulheres ministras. “O ministério das mulheres foi explodido”, prosseguiu.

Em seu discurso, que durou pouco mais de 30 minutos e foi repetidas vezes interrompido por gritos de “Volta, Dilma” e “Fora, Temer”, a presidente defendeu a tese segundo a qual o processo em andamento no Senado se trata de um golpe contra a democracia. “Jamais pensei que veria novamente um golpe. Estou vendo um golpe com outros trajes e outras roupas, mas com as mesmas características de que se trata de uma oligarquia que derrubam um governo popular”, afirmou

Ela comparou esse processo ao golpe militar de 1964, dizendo que a diferença é que enquanto os militares podiam ser representados por um machado cortando uma árvore, o atual processo pode ser simbolizado por uma árvore com um parasita. “Eles são parasitas da democracia”, disse, referindo-se aos grupos políticos que apoiaram o seu afastamento.

Gravações
Ao longo de seu discurso, uma das críticas mais duras de Dilma Rousseff teve relação com as gravações feitas pelo ex-presidente da Transpetro em seu governo, Sérgio Machado, na qual integrantes do governo Temer, aparentemente articulam para influenciar a operação Lava-Jato. “Nas gravações, há um silêncio, não aparecem frases que tenham a ver com seis concessões de créditos ou Plano Safra. não há uma palavra a esse respeito”, afirmou com relação ao motivo jurídico do seu afastamento. “Mais há uma farta conversa a respeito de evitar que a sangria os atinja, que os crimes sejam desvendados, isso mostra quem são os interessados por me afastar”.

Dilma, da mesma maneira, também já foi acusada de tentar influenciar o curso da Lava-Jato. Primeiramente, o seu ex-líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral, afirmou, em sua delação premiada, que Dilma teria indicado um membro para o STJ (Supremo Tribunal de Justiça) para tentar liberar o empresário Marcelo Odebrecht da cadeia. Em outro momento, ela também foi acusada de tentar influir no curso das investigações  ao indicar o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, para ser ministro da Casa Civil. Ela nega as acusações, assim como seus adversários também negam.

Dilma aproveitou ainda para comentar falas de ministros do governo Temer em entrevistas recentes. Ela citou falas como a que o SUS teria de ser redimensionado, feita pelo ministro da Saúde, Osmar Terra. “Isso significa alijar parte da população do acesso à saúde”, disse.

Dilma fez o seu discurso no prédio conhecido como “beijódromo”, no campus da UNB (Universidade de Brasília). O recinto, com capacidade para aproximadamente cem pessoas, ficou abarrotado de gente. Do lado de fora, havia um palco onde cantores apresentaram músicas de rock e rap. Foram feitas diversas críticas a Temer ao longo das apresentações.

Dilma chegou sob forte esquema de segurança. Foram colocadas grades ao redor do “beijódromo” e foi feita uma lista para que apenas algumas pessoas pudessem participar do evento. Um dos gritos que ecoaram ao anunciarem a lista foi “Não vai ter lista”, seguido do já famoso “Não vai ter golpe”.

Ao chegar, Dilma distribuiu abraços aos presentes e agradeceu o apoio. Ela foi recebida no auditório com uma chuva de pétalas de rosas.

‘Jéssicos’

Estava presente no evento a atriz Camila Márdila, que interpretou a personagem Jéssica no filme “Que horas ela volta?”, protagonizado por Regina Casé. Logo ao chegar, Dilma e Jéssica trocaram abraços e a presidente recebeu de presente uma placa com a pergunta: “Que horas Dilma volta?”, em referência ao filme. Em seu discurso, Dilma retribuiu o carinho.

“Queria fazer uma homenagem à Camila que representou todas as Jéssicas e Jéssicos no filme”, afirmou, para risos dos presentes. Segundo a presidente, a personagem simboliza a ampliação de classes sociais com acesso a universidade.

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