Divulgação de áudios foi correta, mas pode ser questionada, diz Gilmar Mendes
Na avaliação do ministro do Supremo, o que tem de se discutir agora é o conteúdo das gravações telefônicas
atualizado
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O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou na manhã desta quinta-feira (17/3), que a divulgação dos grampos dos diálogos do agora ministro-chefe da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva, incluindo uma conversa com a presidente Dilma Rousseff, ocorreu de forma correta porque partiu de um despacho do juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato. Contudo, Mendes reconheceu que a divulgação pode ser questionada.
Na avaliação do ministro do Supremo, o que tem de se discutir agora é o conteúdo das gravações telefônicas. O diálogo que causou maior impacto foi entre Lula e Dilma, sugerindo que a nomeação do novo ministro-chefe da Casa Civil pode ser uma manobra política para evitar a prisão do petista. Para Gilmar Mendes, “o conteúdo é extremamente grave e sugere o propósito de interferir no funcionamento das instituições”.
“Os dados revelados mostram que as tentativas de influenciar (a Justiça) foram fracassadas e não exitosas, o que é positivo para as instituições. As reclamações (de Lula) indicam que o tribunal vem cumprindo bem o seu papel e não se tornou uma corte bolivariana”, exemplificou.
Foro privilegiado
Gilmar Mendes avalia que a Procuradoria Geral da República (PGR) terá um papel muito importante neste episódio, pois as gravações evidenciam a tentativa de Lula buscar o foro privilegiado para fugir do ele chama de “República de Curitiba”. “Janot (Rodrigo Janot, procurador-geral da República) terá de dar uma resposta a isso.”
A exemplo da avaliação feita esta semana pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, de que o Supremo não seria benevolente com Lula, Gilmar Mendes também acredita que não haverá benevolências ao novo ministro da Casa Civil.
Já tivemos o mensalão e a postura do tribunal foi exemplar, não espero que haja qualquer medida de benevolência
Gilmar Mendes
Ao citar o mensalão, Mendes disse que neste escândalo havia um sujeito oculto (em relação ao chefe de todo o esquema). “Aqui (numa referência ao escândalo do petrolão) ocorre uma ironia que na psiquiatria diz que o criminoso volta ao lugar do crime. E cita que na delação do senador Delcídio Amaral é imputada a Lula a responsabilidade da articulação desses dois esquemas. “A corrupção (no governo petista) não foi tópica, não foi acidental, foi um método de governança”, emendou.