Dilma diz que “governo dos sem-voto” não terá legitimidade
A presidente afastada foi notificada sobre a decisão do Senado e disse que irá lutar por seu mandato
atualizado
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Em pronunciamento na manhã desta quinta-feira (12/5), a presidente Dilma Rousseff negou, mais uma vez que tenha cometido pedalada fiscal e voltou a chamar de golpe o processo de impeachment. “O que está em jogo não é apenas o meu mandato, mas o respeito as urnas”, disse. “Meu governo foi objeto de ataques, para criar um ambiente propício ao golpe. Quando um presidente eleito é cassado por um crime que não cometeu, o nome que se dá é golpe”, declarou, em tom emocionado.
A petista recebeu a imprensa no Palácio do Planalto e falou por aproximadamente 15 minutos sobre o decisão do Senado de afastá-la por 180 dias para analisar o processo de impeachment contra ela. Deputados, senadores e ministros acompanharam o discurso. Ela chamou o governo de Temer de “sem-voto” e disse que não terá legitimidade.
“Já sofri a dor da tortura, agora sofro a dor inominável da injustiça. O que mais dói é perceber que estou sendo vítima de uma farsa jurídica-política”, afirmou. “Tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita presidenta do país. Fui digna e honesta, honrei os votos. Lutarei para exercer o meu mandato”, completou.
Pouco antes do início do pronunciamento, Dilma assinou a intimação de seu afastamento, entregue pelo senador Vicentinho Gomes (PR-TO). O ex-presidente Lula também esteve presente na cerimônia. Ao encontrar com manifestantes, ele chorou e recebeu rosas.
Ao lado de Lula e do presidente do PT, Rui Falcão, Dilma saiu pela porta da frente do Palácio do Planalto e foi cercada por manifestantes e jornalistas. Ela acenou para os militantes que estavam na via N1 e recebeu os cumprimentos dos apoiadores.
Manifestantes mostram apoio
Do lado de fora do Planalto, quase 2 mil pessoas que apoiam do governo mostraram solidariedade com a petista. Com faixas, bandeiras e cartazes, manifestantes gritaram o nome da – agora – presidente afastada e voltaram a reclamar do processo de afastamento que chamaram de “golpe”.
Dilma aproveitou o momento e falou com os apoiadores. “Eu tenho aqui, com vocês, um momento de alegria. Vivemos hoje uma hora trágica. A jovem democracia brasileira está vivendo um processo de golpe”, afirmou. Ela criticou o presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e disse que o inicio do processo de seu afastamento se deu porque o PT não quis apoiá-lo.
Visivelmente emocionada, #Dilma deixa o Planalto e vai ao encontro de simpatizantes que gritam o seu nomehttps://t.co/6bzmCikLXa
— BBC Brasil (@bbcbrasil) 12 de maio de 2016