Dilma avalia nomes antes cotados para a AGU na substituição de Cardozo
Um dos cotados é o procurador e ex-chefe do Ministério Público da Bahia Wellington Cesar
atualizado
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A presidente Dilma Rousseff está avaliando nomes para substituir o atual ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que informou no domingo (28/2), que pretende deixar o governo. Dilma e Cardozo se reuniram nesta segunda-feira (29), após a reunião de coordenação política, no Palácio do Planalto.
A expectativa é que Cardozo ocupe o lugar de Luís Inácio Adams na Advocacia-Geral da União (AGU). Como Adams já havia manifestado o interesse em sair, Dilma estava há algum tempo, segundo interlocutores da presidente, avaliando nomes para o cargo.
Agora, com a saída iminente de Cardozo e sua ida para a AGU, a lista serviria possivelmente para encontrar o substituto de Cardozo.
Um dos cotados é o procurador e ex-chefe do Ministério Público da Bahia Wellington Cesar. O nome dele foi levado à presidente pelo ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. O procurador esteve recentemente com Wagner, que tem dito que o currículo de Cesar é considerado “muito bom”.
Polícia Federal
Confirmada a saída de José Eduardo Cardozo do Ministério da Justiça, o seu substituto terá a prerrogativa de indicar um novo diretor-geral da Polícia Federal. O atual diretor, Leandro Daiello, está no comando da PF desde janeiro de 2011 por escolha de Cardozo. O diretor da PF é subordinado ao ministro da Justiça e atua como seu secretário.
Na gestão de Daiello, a PF deflagrou operações que atingiram o PT e seus dirigentes, como a Lava Jato, que investiga esquema de corrupção na Petrobras; a Zelotes, que apura suspeitas de propina no Carf e a suposta vinculação de repasses a um filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com edição de medidas provisórias; e a Acrônimo, que investiga o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), por suposto recebimento de propina em troca de financiamento no BNDES.
O número de ações cresceu substancialmente de 2011 para cá, quando Daiello implementou um método para agilizar as operações. Saltou de 252, em 2010, para 516 no ano passado.
Também foi na gestão de Daiello que foram deflagradas operações como a Porto Seguro, que teve como alvo Rosemary Noronha, então chefe de gabinete do escritório da presidência da República em São Paulo e amiga íntima do ex-presidente Lula; e a Monte Carlo, que investigou esquema envolvendo o empresário de jogos Carlinhos Cachoeira e atingiu vários políticos.
Com atuação discreta, Daiello não costuma se manifestar publicamente a respeito das investigações. Quebrou o silêncio no ano passado em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo no momento em que Cardozo também ameaçava deixar o governo pelas pressões que vinha sofrendo do PT.
O próprio Daiello também é alvo de ataques de petistas que acusam a PF de perseguir o partido e seus dirigentes. Um episódio marcou a passagem do diretor da PF. Ele aguardava na antessala para ser recebido pelo ministro Cardozo quando um grupo de deputados no mesmo local conversava sobre o assunto que iriam tratar com o ministro na audiência. Eles combinavam pedir a saída de Daiello sem saber que o diretor estava na mesma sala acompanhando como um anônimo a conversa.
Daiello afirmou que a troca do ministro ou do diretor da PF não alteraria em nada o trabalho que está sendo realizado. “Se o ministro vai ou não ficar é uma questão que afeta o Ministério da Justiça e a Presidência, não a PF. A PF é uma instituição sólida, seguirá sua vida com Cardozo ou sem Cardozo, com Daiello ou sem Daiello. Nós temos uma estrutura que se consolidou nos últimos anos, uma doutrina de polícia, de investigação, e uma cultura de polícia de Estado e de polícia legalista”, afirmou, em julho do ano passado. “A PF é controlada pela lei. Nós cumprimos a lei e ninguém vai aceitar ingerência política aqui. Pressionar o ministro da Justiça para influenciar, evitar, coibir qualquer ação da PF não é uma possibilidade. Pensar nesse sentido é premeditar o cometimento de um crime.”