metropoles.com

Dilma ainda avalia momento de enviar proposta de novas eleições

Os movimentos sociais, no entanto, são contra a proposta, sob o argumento de que isso enfraqueceria nas ruas a “batalha” contra o impeachment

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
Michael Melo/Metrópoles
1 de 1 Michael Melo/Metrópoles - Foto: Michael Melo/Metrópoles

A presidente Dilma Rousseff voltou nesta quarta-feira (27/4), a dar sinais de que está disposta a enviar ao Congresso uma proposta de antecipação das eleições para encurtar o seu próprio mandato. O vazamento dessa estratégia, porém, contrariou Dilma, que ainda avalia o melhor momento para tomar a iniciativa. Com o aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, um grupo de senadores irá hoje ao Palácio do Planalto entregar uma carta a Dilma, solicitando a ela que encaminhe logo uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC), sugerindo a convocação de eleições em outubro.

Os movimentos sociais, no entanto, são contra, sob o argumento de que isso enfraqueceria nas ruas a “batalha” contra o impeachment. Apesar de apoiar o plano, até mesmo para “emparedar” o vice-presidente Michel Temer, o PT decidiu não erguer agora a bandeira das “diretas já” por uma questão estratégica.

A cúpula do partido não quer se indispor com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e com o Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) num momento em que precisa de seus militantes nas ruas, contra o que chama de “golpe”. Além disso, acha que a iniciativa deve partir da própria Dilma.

“O posicionamento continua o mesmo. Só não queremos levantar essa bandeira, neste momento, porque o foco, agora, deve ser a luta para barrar o impeachment no Senado”, argumentou o deputado Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Nos bastidores, o governo e o PT avaliam que a derrota de Dilma na primeira votação no plenário do Senado, no próximo dia 11, é “irreversível”, mas farão tudo para virar o jogo no julgamento final. Até mesmo Lula, no entanto, observa que a chance de Dilma retornar ao Planalto, após um período de até 180 dias de afastamento, é remota.

Dois ministros disseram ao jornal O Estado de S. Paulo que Dilma está “propensa” a aceitar a ideia de sugerir ao Congresso a antecipação de eleições presidenciais para outubro, quando também haverá disputa pelas Prefeituras. De acordo com eles, porém, a presidente teme que isso pareça uma renúncia ou algo como “jogar a toalha” para a batalha final e por isso ainda avalia o “timing” da ação.

Uma ideia sob análise também prevê um plebiscito para que a população decida se quer novas eleições presidenciais antes de 2018. Tudo, porém, precisa passar pelo crivo do Congresso e até mesmo aliados dizem que a Câmara, presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dificilmente autorizará isso. Em conversas com sindicalistas e também com empresários e políticos, nos últimos dias, Temer chamou as propostas de “golpe”.

Eleição indireta
Em discurso na abertura da Conferência Nacional de Direitos Humanos, nesta quarta (27), a presidente classificou o impeachment de uma eleição indireta, disse que o “pecado capital” do processo foi a atuação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e lembrou o movimento das Diretas Já, em 1984. “Esse processo que leva ao impeachment disfarçado é uma eleição indireta”, afirmou. “Portanto, não vamos deixar que encurtem o caminho para o poder através de eleição indireta falsificada”, completou.

Aos gritos de “Fora Cunha” e “não vai ter golpe” dos presentes no evento, Dilma disse que o processo de impeachment contra ela “rouba” não apenas os 54 milhões de votos que a reelegeram em 2014, mas os 51 milhões que não votaram nela. “Milhões de brasileiros naqueles dias saíram de suas casas e colocaram os seus votos nas urnas. Todos eles terão seu voto roubado. Só tem um vencedor numa eleição, é o povo brasileiro. Por isso, não podemos desrespeitar as eleições diretas”, afirmou.

Sem citar o grupo do vice-presidente Michel Temer, que costura um novo governo, Dilma afirmou que “eles” jamais vão discutir por exemplo uma legislação para a população LGBT, referindo-se a gays, lésbicas e transexuais. No seu discurso, Dilma ainda falou que o impeachment tenta impor a ela uma prática de contabilidade fiscal como crime, o que em outros governos não era considerado como tal.

“O processo de impeachment é uma meia verdade. Você faz uma meia verdade para encobrir sua mentira. Quando você faz o impeachment sem base legal, você está praticando um golpe. Golpe. É golpe”, afirmou. “É claro que temos muitas formas de golpe. Temos aqueles feitos de armas nas mãos ou com tanques. O que se faz agora é com as mãos nuas, rasgando a Constituição”, completou.

Antes dos afagos de Dilma à plateia formada por lideranças da área dos direitos humanos, em discurso, o jornalista Leonardo Sakamoto, que sempre atuou no combate ao trabalho escravo, lembrou das dificuldades do setor na época do governo Fernando Henrique Cardoso, demonstrou preocupação que entidades do setor sejam “caçadas” por um eventual governo de Michel Temer, mas disse que não poderia esquecer duas palavras que causaram problemas – Belo Monte -, referindo-se a uma das principais obras de infraestrutura do governo Dilma.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?