Delator da Odebrecht cita Cristovam Buarque, Rogério Rosso e Gim
Além da menção ao distrital Robério Negreiros, ex-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht se refere a outros políticos do DF
atualizado
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Além do distrital Robério Negreiros (PSDB), a delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, faz menção a outros três políticos do Distrito Federal: o senador Cristovam Buarque (PPS), o deputado federal Rogério Rosso (PSD) e o ex-senador Gim Argello (ex-PTB) — este último, condenado e preso no âmbito da Operação Lava Jato. Nos apelidos que a empreiteira atribuía a uma série de políticos, Cristovam seria o “Reitor” e Gim o “Campari”. Rosso e Negreiros não tinham alcunha.
Desse grupo, apenas Negreiros e Gim aparecem como beneficiários de doações, segundo a delação de Cláudio Melo. O distrital teria recebido R$ 50 mil da empreiteira para pagar despesas de campanha, conforme o Metrópoles antecipou. Já o ex-senador, citado pelo delator 20 vezes ao longo do documento, teria se beneficiado de R$ 2,8 milhões em repasses.
Na delação de 82 páginas entregue ao Ministério Público Federal (MPF), Melo revela que a proximidade com os políticos era necessária devido ao cargo de vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht. “Para desenvolver a nova função que havia assumido, procurei montar uma boa equipe e pôr em prática o desenvolvimento de uma agenda de acompanhamento legislativo qualificado”, justificou o delator.
Eleições de 2010
Além da menção a Cristovam Buarque na lista de “contatos mais episódicos”, o nome do ex-governador do DF aparece na seção “explicação sobre outros pagamentos identificados em planilhas relativa às eleições de 2010” (veja a íntegra do documento abaixo). Naquele ano, Cristovam concorreu e foi eleito para o Senado.
Cláudio Melo Filho afirma que “há algumas informações constantes nas planilhas da empresa (Odebrecht) que relacionam, de alguma forma, meu nome a pagamentos que supostamente foram realizados a pessoas identificadas por diferentes codinomes”. Embora o delator reforce que “não reconhece” e que não participou “de eventuais tratativas nem de qualquer fase da formalização dos pagamentos”, ele comenta os apelidos.
O “Reitor”
Ao ser questionado sobre o codinome “Reitor”, Melo diz: “Consta em campo específico a pessoa de RF no DF, que acredito ser Ricardo Ferraz. Me foi dito que essa indicação refere-se a Cristovam Buarque, por ter sido reitor da Universidade de Brasília (UnB)”.
Ricardo Ferraz foi diretor de Contrato da Odebrecht Infraestrutura. Em planilhas apreendidas pela força-tarefa da Operação Lava Jato, ele aparece como responsável pela solicitação de pagamentos em espécie de R$ 1 milhão para alguém de apelido “Padeiro”; e de R$ 400 mil para outra pessoa identificada como “Comprido”. Esses pagamentos teriam ocorrido em 2014.
Segundo o deputado distrital Chico Vigilante (PT), Ferraz chegou a causar um mal-estar no PT em 1994, na época em que o hoje senador era filiado à legenda. “O Cristovam recebeu uma doação da Odebrecht. O partido era veementemente contra, mas ficou por isso mesmo”, diz o parlamentar. Naquele ano, Cristovam foi eleito governador do DF.
Outro lado
Procurado pelo Metrópoles, Cristovam Buarque disse que não conhece Ricardo Ferraz. Sobre a referência na planilha da Odebrecht, o senador foi irônico: “Reitor não é meu apelido, é o meu cargo. Há tantos reitores por aí que não pode ser só eu”.
No entanto, o parlamentar afirmou que conhece o delator Cláudio Melo Filho “há muito tempo”, pois é amigo do pai dele. “Conheci ele (Cláudio) quando fui reitor da UnB e ele, estudante”, contou. Segundo Cristovam, os dois nunca trataram de política.
O deputado Rogério Rosso também admitiu ao Metrópoles conhecer o delator pessoalmente. “Tivemos apenas contato em rodas sociais”, resumiu o parlamentar.
Já o distrital Robério Negreiros afirmou que não tem relação com o delator e classificou a vinculação de seu nome a uma campanha política antecipada de seus oponentes. “O réu confesso disse que não me conhece e que não tem nenhum interesse no Distrito Federal. Ele atendeu o pedido de um terceiro e enviou recursos ao PMDB, recursos esses que foram contabilizados e aprovados pelo TRE. Qualquer leitura fora desse contexto é mera especulação eleitoral.”
Até a última atualização desta matéria, a reportagem não tinha conseguido contatar os advogados de Gim Argello e de Ricardo Ferraz.
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