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“Todos serão cassados. Hoje sou eu, amanhã são vocês”, diz Cunha

Cunha usou todo o tempo da sessão para impedir que o relatório seja votado na comissão ainda nesta terça-feira (12/7)

atualizado

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Eduardo Cunha
1 de 1 Eduardo Cunha - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) fez sua defesa nesta terça-feira (12/7) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara durante a sessão marcada para analisar o recurso contra o processo de cassação aprovado pelo Conselho de Ética. Em sua defesa, ele disse que ninguém provou os fatos que o acusam. “Buscaram apenas me achincalhar. Hoje sou eu, amanhã pode ser qualquer um de vocês”, disse ele, fazendo referência aos colegas que também respondem a processos de investigação. Cunha esteve ao lado do advogado Marcelo Nobre. A defesa usou as mais de duas horas de apresentação a que tem direito. A sessão teve início às 14h30.

Durante seu discurso, Cunha afirmou que o processo contra ele é “político” e que nenhum dos recursos interpostos no processo seriam negados se o alvo da ação fosse outro deputado. Afirmou ainda que nunca negou a existência de contas no exterior suas e de seus familiares. “A conta de minha mulher não é offshore, não é truste, é uma conta pessoa física em nome dela”, afirmou, alegando que o dinheiro não foi declarado porque a esposa, Cláudia Cruz, não é parlamentar.

Cunha também reclamou do andamento de seu processo de cassação no Conselho de Ética, que, segundo o deputado, foi repleto de irregularidades. Alertou que sempre se preocupou com os “absurdos” feitos com parlamentares.

O ex-presidente da Câmara lembrou que 23 questões de ordem não foram aceitas pelo presidente do Conselho de Ética   para Cunha, houve “má-fé” por parte de José Carlos Araújo (PR-BA).  Enquanto Cunha fazia o seu relato, o deputado Carlos Marun (PMDB-MS) reclamou do barulho e da falta de atenção dos deputados à fala do acusado.

“É muito controverso se o processo poderia continuar com o meu mandato suspenso. Eu não estou no exercício do meu mandato. O processo deveria ser suspenso até eu voltar ao exercício do meu mandato”, disse o deputado afastado.

Após falar por duas horas , Cunha encerrou sua defesa, por volta das 18h, afirmando ter argumentos para falar por mais uma hora. “Tenho argumentos tranquilamente para falar, com base técnica.”

Abertura da Sessão

Desde o início, a tropa de choque do peemedebista tentou adiar a sessão de hoje. Serraglio, contudo, negou a solicitação. O pedido de vistas foi feito por Carlos Marun (PMDB-MS) e recebeu apoio de João Carlos Bacelar (PR-BA). Serraglio logo afastou a possibilidade. “É mais para não criar outra celeuma”, disse, respondendo que não cabia vista. “Neste momento, não cabe”.

O atraso do processo vem incomodando os parlamentares que fazem oposição a Cunha. Em sua defesa, o presidente do Conselho de Ética diz que a demora para concluir o trabalho não foi por erro próprio, mas por manobras feitas por deputados. “Foi por culpa das manobras e protelações que foram feitas. O Brasil inteiro sabe, e essa comissão também sabe”, afirmou José Carlos Araújo.

O deputado brasiliense Ronaldo Fonseca (PROS-DF), fez a complementação do voto afirmando não reconhecer o aditamento ao recurso pedido por Cunha após a renúncia ao cargo de presidente da Câmara.

A defesa do peemedebista tem esse tempo porque foi o mesmo usado pelo relator do recurso, Ronaldo Fonseca, na apresentação do parecer na semana passada. Assim, Cunha tentará gastar todo o tempo da sessão para impedir que o relatório seja votado hoje. Adversários do ex-presidente da Câmara acreditam que têm a maioria dos 66 votos na CCJ para derrubar o parecer de Fonseca, que é favorável a Cunha.

O grupo que defende a cassação de Cunha fez um apelo ontem ao presidente da comissão, Osmar Serraglio (PMDB-PR), para antecipar a sessão, mas o pedido não foi atendido. O temor é que comece a votação no plenário principal, o que interromperia a sessão da CCJ. Por isso, os partidos da antiga oposição ao governo Dilma Rousseff (PSDB, DEM, PPS e PSB) e a nova oposição (PT, PCdoB, Rede, PDT e PSOL) pretendem não marcar presença no plenário principal, de forma a retardar o início das votações e garantir que o processo de Cunha tenha um fim nesta tarde na CCJ.

O líder da Rede, Alessandro Molon (RJ), afirmou que o grupo pretende entrar com pedido de encerramento da discussão assim que o 10º parlamentar discursar. A manobra é prevista no regimento interno. Mais de 30 parlamentares estão inscritos para falar. “Aqui vai ser pressão total”, anunciou Molon. (Com informações da Agência Estado)

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