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Cunha diz que não teme ser cassado e nem preso pela Lava Jato

O parlamentar foi acusado pelo Conselho de Ética de manter contas no exterior e mentir sobre a existência de tais contas à CPI da Petrobras

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Coletiva do deputado Eduardo Cunha após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato parlamentar – Brasília – DF 05/05/2016
1 de 1 Coletiva do deputado Eduardo Cunha após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina o afastamento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato parlamentar – Brasília – DF 05/05/2016 - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O presidente afastado da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não descartou, em entrevista à Rádio Estadão, recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa após decisão do Conselho de Ética sobre processo que investiga se ele quebrou o decoro parlamentar. O parlamentar foi acusado de manter contas no exterior e mentir sobre a existência de tais contas à CPI da Petrobras.

O relatório de Marcos Rogério (DEM-RO), que sugere a cassação do peemedebista, está previsto para ser lido nesta quarta-feira (1º/6). “Não temo ser cassado e nem preso pela Lava Jato, tenho absoluta certeza que serei absolvido”, disse Cunha.

Ao dizer que pretende recorrer da decisão, o presidente afastado da Câmara citou que não conhece o parecer de Marcos Rogério, mas só a presença dele como relator do seu processo já é um elemento para a nulidade do processo. Isso porque Rogério trocou o PDT pelo DEM, partido que faz hoje parte do mesmo bloco do PMDB, o que seria um impeditivo para que relatasse sua representação. O relator já rebateu este argumento de Cunha, dizendo que vale o bloco do início da legislatura.

Defesa
Na entrevista, Cunha voltou a se defender, reiterando que não mentiu à CPI da Petrobras, no ano passado, e que não é titular de contas na Suíça. Ele também negou que seu processo tenha sido o mais longo da história da Casa e rebateu que esteja fazendo manobras para atrasar ainda mais uma decisão sobre a denúncia de que teria quebrado o decoro parlamentar, o que pode lhe custar o seu mandato de deputado. “Há (sim) manobras espúrias de quem quer aparecer nos holofotes para pegar carona em cima de minha imagem.”

Sobre as informações de que o presidente interino da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (PP-MA), estaria manobrando a seu favor para tentar postergar ainda mais o seu processo na Casa, tentando mudar as regras de votação, Cunha as classificou de “fraude à opinião pública.”

Segundo ele, “a mídia comprou essa versão e uma mentira repetida inúmeras vezes é uma prática fascista”. Cunha argumentou que a consulta à CCJ que questiona as regras de votação em plenário trata-se de um ofício encaminhado por Maranhão, mas cuja autoria é de um dos membros do Conselho de Ética, o qual ele não citou o nome. “É um procedimento normal, quando há dúvidas, se consulta a CCJ, não vejo nada demais. E ela (consulta) não foi feita por Maranhão, mas por um membro do Conselho de Ética.”

Dilma
À Rádio Estadão, Eduardo Cunha voltou a atacar a presidente afastada Dilma Rousseff (PT), dizendo que espera que ela se torne efetivamente ex-presidente da República, porque foi afastada por crime de responsabilidade e o PT causou muitos danos ao País.

Indagado sobre a entrevista concedida pela petista em que ela diz que ele é o verdadeiro mentor do governo do correligionário Michel Temer (PMDB), Cunha alfinetou: “Ela (Dilma) tem fixação (por mim), até compreendo o ódio dela porque dei curso ao processo de impeachment que levou ao seu afastamento. Eu me ajoelho para agradecer a Deus por tê-la afastado da Presidência, ela fez muito mal ao País, não dá pra ela governar o Brasil.”

O presidente afastado da Câmara diz que o processo que tem sofrido no parlamento e seu afastamento da direção da casa é resultado de um “julgamento político” e o preço de ter colocado a admissibilidade do afastamento de Dilma Rousseff na pauta do dia do parlamento. “Estou pagando um preço pesado por ter dado curso ao processo do impeachment e em cada intervenção dela (Dilma), não há como ela não me agredir”, emendou.

Temer
Indagado sobre os percalços que Michel Temer enfrenta nesses primeiros dias de governo interino, Cunha relativizou os problemas e fez um paralelo com a gestão de Itamar Franco, que sucedeu Fernando Collor de Mello, após seu processo de impeachment.

“Este ainda é um governo de improviso, constituído às pressas (após a saída de Dilma), se fizermos um paralelo com Itamar, vamos ver que em sete meses ele teve quatro ministros da Fazenda, foi uma crise de muito maior tamanho. Obvio que o improviso de hoje não é bom, mas deve se resolver quando (o governo Temer) se tornar definitivo”, destacou. Cunha reiterou que o primeiro passo para isso é o Senado confirmar o afastamento de Dilma e as forças políticas se unirem “para salvar o País da derrocada que o PT deixou”.

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