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Comissão do Senado rejeita relatório da reforma trabalhista

A matéria irá à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para prosseguimento da tramitação, nesta quarta-feira (21/6)

atualizado

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Edilson Rodrigues/Agência Senado
CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
1 de 1 CCJ – Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

O relatório de Ricardo Ferraço (PSDB-ES) foi rejeitado pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado nesta terça-feira (20/6), por 10 votos a 9. Ao fim da votação, a oposição comemorou o resultado e gritou “fora, Temer”. Presidente da sessão, a senadora Marta Suplicy (PMDB-SP) designou o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do voto em separado, para suceder Ferraço na relatoria.

A matéria vai à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para prosseguimento da tramitação nesta quarta-feira (21/6).

Durante a 1h30 de debate, prevaleceram os discursos dos senadores da oposição. Entre os oradores, apenas o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o próprio relator, Ricardo Ferraço, defenderam o projeto. Todos os demais demonstraram posição contrária ao tema.

Há 75 destaques ao projeto da reforma trabalhista. Entre eles, há 23 do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), 18 de Paulo Paim e 13 de Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM). Há, ainda, duas emendas de bancada do PT e uma do PSB.

Logo no início da sessão houve uma pequena confusão entre parlamentares da oposição e a presidente da CAS. O líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), pediu a palavra para reclamar da continuidade da tramitação do tema na Casa mesmo após a entrevista concedida por Joesley Batista à revista Época. Marta reagiu e o senador fluminense pediu calma à presidente da Comissão.

“Não tem de acalmar nada. Respeite o combinado”, respondeu a senadora paulista. A troca de farpas continuou com novo pedido de calma de Lindbergh Farias. “Olha o machismo e se cuida”, rebateu Marta.

Trâmite
Para acelerar a tramitação, o relator Ricardo Ferraço (PSDB-ES), que também relata a matéria na CAS, manteve o texto aprovado pelos deputados com sugestões à Presidência da República de vetos e aperfeiçoamentos da legislação por meio de medida provisória. Se ele fizesse qualquer mudança de mérito na proposta, a proposta teria de voltar à análise da Câmara dos Deputados.

Na reunião desta terça, os parlamentares terão pelo menos uma hora e meia para se manifestar sobre a matéria antes da votação. Na quarta será a vez do senador Romero Jucá (PMDB-RR) ler seu relatório na CCJ.

Após a leitura do relatório é comum haver um pedido de vista coletiva. Portanto, a votação da reforma trabalhista na CCJ deverá ocorrer no próximo dia 28. A partir daí, o texto estará pronto para análise no plenário do Senado. A expectativa na base governista é de que essa votação ocorra até a primeira semana de julho.

Principais pontos
Os defensores do texto defendem que um dos eixos da proposta é a prevalência do negociado sobre o legislado, com reforço dos acordos coletivos e novo enfoque nas negociações individuais entre patrão e empregado em vários pontos, como o acúmulo e uso de banco de horas, horas extras, compensação de jornada e horários de descanso para a mulher.

No relatório, Ferraço destaca que leis excessivamente duras têm efeitos maléficos no nível de emprego e no crescimento econômico, pois a regulação pesada dessas relações vem, a seu ver, associada a “uma economia informal maior, a uma baixa taxa de participação na força de trabalho e alto desemprego, atingindo especialmente os jovens”.

O senador afirma ainda que há salvaguardas e limites para a prevalência da negociação sobre a lei no próprio texto da reforma trabalhista, como a manutenção da participação dos sindicatos nesses acertos.

Sobre o fim da contribuição sindical obrigatória, Ferraço defende que a medida cria um poderoso incentivo para que os sindicatos atendam de fato aos interesses dos trabalhadores, que só vão contribuir para as entidades se estiverem satisfeitos com a representação. Em resposta às críticas que o texto sofre, o relator lembra pontos que, em nenhuma hipótese, podem  ser negociados e que , avalia, dão segurança ao empregado.

É o caso do salário mínimo, décimo terceiro salário, da remuneração de hora extra, do repouso semanal remunerado, das férias e da garantia de pagamento do adicional de um terço do salário, por exemplo.

Vetos
O relatório de Ricardo Ferraço mantém as recomendações de veto a seis pontos polêmicos da proposta, como o trabalho insalubre para gestantes e lactantes, o acordo individual para estabelecer a jornada de 12 horas de trabalho por 36 de descanso e a jornada intermitente, apesar de defender a contratação de trabalhadores por esse novo formato.

Divergências
Até agora, quatro votos em separado, todos pedindo a rejeição completa do PLC 38/2017, foram apresentados por parlamentares de oposição. Durante a reunião da CAS, na última terça-feira (13), o senador Paulo Paim (PT-RS) chegou a fazer um apelo por um texto de consenso sobre a reforma trabalhista, aprimorando o que veio da Câmara, sem que o Senado abra mão de seu papel de Casa revisora.

“É possível fazer um grande pacto pelo povo brasileiro, é dever do Senado. Não pode vir um projeto que altera a CLT em 117 artigos aqui para a Casa e a gente só carimbar, sabendo que a Câmara cometeu absurdos. Qualquer pessoa séria, ao ler aquele projeto, acha inaceitável. Vamos pegar os votos em separado, os quatro da oposição e o [texto] do relator, vamos sentar e ver o que é possível construir. É possível construir um grande entendimento, aí o projeto volta para a Câmara e ela ratifica ou não”, disse o senador.

Com informações da Agência Estado.

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