Advogados públicos fazem protesto pela saída de defensor das “pedaladas”
Luiz Inácio Adams, ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), é rejeitado por 98,65% dos colegas, diz presidente da União dos Advogados Públicos Federais
atualizado
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Com faixas, cartazes e balões de “luto”, advogados públicos federais protestaram nesta quarta-feira (7/10) pela saída de Luiz Inácio Adams do cargo de ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU). O ato ocorreu na sede do órgão e no Palácio do Planalto pouco antes do julgamento das pedaladas fiscais, quando as contas da presidente Dilma Rousseff foram reprovadas pelo Tribunal de Contas da União (veja vídeo abaixo). A AGU não se posicionou até a publicação desta reportagem.
Presidente da União dos Advogados Públicos Federais (Unafe), Roberto Mota afirmou ao Metrópoles que o ministro Adams está “envergonhando” a categoria e que é rejeitado por 98,65% dos colegas – a maior reprovação já enfrentada, segundo ele. “Em vez de defender a lei e a Constituição, ele está defendendo o governo de plantão”, criticou.
Sobre o caso das pedaladas fiscais, Mota alegou que o advogado-geral da União “não teve coragem de alertar a presidente” sobre a prática. “Ele fez um papelão”, disse o presidente da Unafe, que estima terem participado do protesto cerca de 500 advogados públicos.
Durante a manifestação, a categoria também pediu o corte de 1,5 mil cargos comissionados na pasta. Para Roberto Mota, são funções de chefia que servem para “aparelhar” o órgão. “Se brincar, vai ter mais chefe do que cargo efetivo.” A estimativa é de que R$ 100 milhões sejam economizados com o fim das vagas.
Em outro protesto a categoria gritou para o ministro Adams: “Chegou a hora de botar você para fora”. A manifestação ocorreu em agosto. Assista ao vídeo:
Ao todo, são cerca de 8 mil advogados públicos federais trabalhando em 700 unidades físicas espalhadas pelo Brasil. Eles atuam em processos defendendo órgãos da União.
Entenda as pedaladas
Prática usada pelo governo em 2014, as “pedaladas” são os atrasos propositais do Tesouro Nacional no repasse de recursos aos bancos públicos. Essas instituições foram obrigadas a usar dinheiro próprio para continuar pagando em dia programas sociais obrigatórios. Na visão do TCU, ao fazer isso, os bancos públicos financiaram o controlador, o governo federal – o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal.