“A luta continua”, diz Cardozo após Câmara aprovar impeachment
Advogado-Geral da União foi escolhido para falar em nome do governo e criticou a votação. Ele voltou a afirmar que a presidente Dilma não cometeu crime de responsabilidade
atualizado
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“Com indignação e tristeza que nós recebemos o resultado da votação na Câmara dos Deputados”. Foi essa a reação do advogado-geral da União (AGU), José Eduardo Cardozo, ao avaliar a aprovação da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, já na primeira hora desta segunda-feira (18/4).
Ele voltou a afirmar que não houve crime de responsabilidade por parte da petista e que a denúncia do afastamento está amparada em fatos que nunca foram discutidos e que não há ilegalidade neles.
Em entrevista coletiva, ele disse que a decisão da Câmara foi política, sem debate aprofundado e sem embasamento jurídico, numa referência às denúncias de pedaladas fiscais (manobras contábeis) e decretos orçamentários assinados sem autorização do Congresso Nacional do ano passado.
“A decisão é inaceitável no presidencialismo. Esta ruptura à Constituição configura um golpe na democracia, um golpe em 54 milhões de brasileiros que votaram na presidente Dilma Rousseff”, completou, ao informar que a petista só vai se manifestar ao longo desta segunda.
“Quem é favorável a democracia não pode ser favorável ao que aconteceu hoje na Câmara dos Deputados”. O principal alvo do discurso do AGU foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ministro destacou que o peemedebista, que é investigado no Supremo Tribunal Federal (STF) por manter de recursos não declarados em contas no exterior, agilizou o processo no Legislativo por “vingança”.
Cardozo garantiu que a presidente Dilma vai “continuar a lutar pela democracia”. “Gostaria de observar que a decisão tomada pela Câmara não abaterá a presidente Dilma Rousseff, nem fará que ela deixe de lutar pelo que acredita. Ela é uma pessoa que não tem apegos a cargos, mas, sim, a princípios. Ela dedicou a sua vida a isso. Esteve presa na ditadura militar e não se acovardou. A luta dela será pela democracia. Se alguém imagina que ela se curvará, se engana”, ressaltou.