Polícia transfere 220 detentos de presídio em Natal
Os presos transferidos teriam ligação com grupos criminosos e serão substituídos por outros detentos, que não participam de facções
atualizado
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A operação do batalhão de choque da polícia militar na tarde desta quarta-feira (18/1) na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, localizada na região metropolitana de Natal (RN), resultou na transferência de 220 detentos do presídio para outras unidades prisionais do estado, entre elas a Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP) e o Presídio Provisório Raimundo Nonato. O governo do Rio Grande do Norte ainda aguarda resposta do pedido apresentado à Justiça para a transferências de 18 detentos retirados hoje de Alcaçuz para presídios federais.
Os presos que deixaram Alcaçuz ocupavam os pavilhões 1 e 2, dominados pela facção criminosa Sindicato do RN. Os 220 homens que deixaram Alcaçuz serão substituídos por 230 detentos de outros presídios que supostamente não fazem parte de nenhum grupo organizado: são conhecidos como “a massa”, pela posição neutra.
“Trouxemos para Alcaçuz presos de posição neutra e acreditamos que com isso a unidade pode ficar mais tranquila.”, disse o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do RN, Caio Bezerra, em entrevista coletiva. Ele explicou que não foi possível simplesmente tirar presos de Alcaçuz, devido à dificuldade de vagas dentro do sistema carcerário do estado. “Foi necessário abrirmos essas novas vagas, com autorização da Justiça, para receber os presos que estavam amotinados em Alcaçuz.”
Bezerra afirmou que não houve diálogo com as facções criminosas para negociar as transferências. Segundo ele, a decisão foi estratégica, dado o risco de fuga e de novo confronto em Alcaçuz.
“Fizemos a transferência, principalmente, de presos que estavam nos pavilhões 1 e 2, porque tivemos notícias de escavações intensas de túneis que traziam risco muito grande de fugas”, explicou. Além disso, segundo o secretário, investigações da Polícia Civil do estado apontavam para um planejamento avançado de retaliação dos presos dos pavilhões 1 e 2, do Sindicato do RN, contra os presos do pavilhão 5, composto por integrantes do PCC.
Os detentos do pavilhão 5 foram os responsáveis pelo início do motim que ocorreu de sábado para domingo, resultando na morte de 26 pessoas. Questionado sobre o motivo para não fazer a transferência dos detentos do pavilhão 5, já que eles tinham iniciado a rebelião, o secretário disse que “diversos fatores” influenciaram a decisão, em especial a questão logística. O pavilhão 5 abriga mais de 500 presos e fica no fundo do complexo, enquanto os pavilhões 1 e 2 ficam próximos à entrada do presídio, facilitando a ação da polícia e evitando confrontos.
Na avaliação do secretário Caio Bezerra, a operação deu certo. “A operação foi muito bem-sucedida. Não houve resistência por parte dos presos e fizemos revistas em todos os pavilhões”, disse. Durante a revista foram encontradas armas de fogo, um colete balístico e grande quantidade de armas brancas.
O secretário também informou que as forças policiais do estado estão mobilizadas para evitar retaliação das facções criminosas com ataques nas ruas.Segundo ele, o policiamento ostensivo e os trabalhos de investigação na capital foram reforçados, e a população “pode ficar tranquila”.