Polícia do Rio identifica quatro dos 33 suspeitos de estupro coletivo
Entre eles estão o “ficante” da adolescente e dois homens que teriam divulgados as imagens da barbárie da internet. Prisão deles foi solicitada
atualizado
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A Polícia Civil do Rio de Janeiro identificou e pediu a prisão de quatro homens que teriam participado do estupro coletivo de uma adolescente, de 16 anos, e postado fotos e vídeos do crime na internet. O caso chocou os internautas e ganhou grande repercussão nas redes sociais desde quarta-feira (25/5). No vídeo, a jovem aparece nua e desacordada após ser estuprada. A jovem teria sido violentada por 33 homens, no Morro São João, comunidade carioca.
Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, e Michel Brazil da Silva, 20, são suspeitos de divulgarem os vídeos e as fotos na internet. Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, é o rapaz com quem a adolescente tinha um relacionamento. E ainda Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos. Ele aparece numa foto ao lado da vítima e chegou a trabalhar como apoio a operador de câmera nos Estúdios Globo, de onde foi desligado em agosto do ano passado.A menor contou à polícia que no último sábado (21) esteve na casa de um rapaz com quem tinha um relacionamento. Eles estavam sozinhos. E que depois só se lembra que acordou no domingo (22) em uma casa na mesma comunidade com 33 homens armados com fuzis e pistolas. Estava dopada e nua.
Na gravação é possível ouvir os agressores debochando da vítima. Nas imagens, dois homens exibem a jovem: “Essa aqui, mais de 30 engravidou. ‘Intendeu’ ou não ‘intendeu’?”, diz um dos homens em meio a muitas gargalhadas.
Apagão
Segundo a avó da adolescente, ela teria sofrido um apagão durante os abusos. “O vídeo é chocante, eu assisti. Ela está completamente desligada”, diz a avó. “Ela tem umas coleguinhas lá, mas nessa hora nenhuma apareceu”, disse a avó da adolescente em entrevista à rádio CBN, após saber que a neta pode ter sido violentada por cerca de 30 homens. De acordo com a avó, a garota foi localizada por um agente comunitário e levada para casa.
No seu depoimento, a jovem relatou que sente fortes dores internas, no útero, e que está profundamente abalada. Sobre o uso de drogas, afirmou que é usuária de ecstasy e lança-perfume, mas está há mais de um mês sem utilizar qualquer tipo de entorpecente. Ainda no depoimento, a afirmou que após acordar, vestiu uma roupa masculina “que encontrou por ali e pegou um táxi para casa”. Ao chegar no local, a mãe dela pagou pelo transporte.
Nesta quinta (26), a menina prestou depoimento na delegacia e fez exames. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, ela já tomou medicamentos para evitar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis e foi encaminhada para um acompanhamento psicológico.
Repercussão
Desde a divulgação do vídeo, diversas campanhas foram criadas em homenagem e solidariedade à vítima. Alguns usuários trocaram a foto do perfil e colocaram a frase “Eu luto pelo fim da cultura de estupro”.
Além disso, artistas também fizeram postagens sobre o assunto, como a atriz Camila Pitanga, que lembrou ainda de um caso de estupro no Piauí, em que cinco homens violentaram uma jovem. “Sufocada, consternada e muito triste com os casos de estupros coletivos ontem no Rio de Janeiro e no Piauí. Precisamos falar sobre a cultura do estupro”, escreveu.
A Organização das Nações Unidas divulgou uma nota em que se solidarizou com a vítima do estupro coletivo. A nota lembra também de um outro episódio quando uma jovem do Piauí foi abusada por cinco homens, na semana passada. A ONU pede justiça para esses dois casos.
Em Bom Jesus, sul do Piauí, uma jovem de 17 anos afirmou ter sido violentada por quatro adolescentes e um rapaz de 18 anos, na madrugada de sexta (20). Após uma briga com o namorado, a jovem teria ingerido bebida alcoólica e os suspeitos se aproveitaram da embriaquez para cometer o crime. A jovem foi encontrada amarrada dentro de uma obra abandonada. (Com informações do G1, Agência Brasil e O Dia)