Mais de 30 presos são achados mortos em presídio de Roraima
Mortes ocorreram na madrugada desta sexta (6/1) no maior presídio do estado; em nota, governo estadual diz que “situação está sob controle”
atualizado
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Logo após o massacre no complexo penitenciário Anísio Jobim do Amazonas, a capital de Roraima, Boa Vista, registra 33 mortos na Penitenciária Agrícola de Boa Vista (Pamc) na madrugada desta sexta-feira (6/1).
O número foi confirmado pela Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) em nota, que informou que Agentes do Bope (Batalhão de Operações especiais da Polícia Militar) estão no local para conter a situação.
Guerra
O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, negou nesta sexta, que o sistema prisional brasileiro vive uma guerra entre facções rivais e que a situação tenha saído do controle após um novo massacre na Penitenciária Agrícola de Boa Vista, em Roraima, que deixou 33 de mortos.
“A situação dos presídios não saiu do controle. é outra situação difícil em Roraima. Roraima já tinha tido problemas anteriormente”, disse.
Para o ministro, o episódio ocorrido nesta sexta-feira não é “aparentemente” uma retaliação do Primeiro Comando da Capital (PCC) à Família do Norte, autor do massacre no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus.
O ministro afirmou que vai viajar a Boa Vista nesta sexta-feira e ainda precisa “pegar mais informações” sobre o caso, mas que, num primeiro momento, as execuções parecem ter sido um “acerto interno de contas”.
PCC
Em entrevista a uma rádio local, o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel de Castro Júnior, disse acreditar que os crimes tenham sido cometidos por membros do PCC, mas que ainda não sabia o que provocou as mortes. Ele falou também que tem um projeto para abrir mais de mil vagas neste ano no sistema prisional.
Os detentos quebraram os cadeados e invadiram a Ala 5, cozinha e cadeião onde ficavam os presos de menor periculosidade. De acordo com informações de agentes penitenciários, não houve fugas.
Policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e agentes penitenciários do Grupo de Intervenção Tática (GIT) entraram na unidade, que hoje abriga 1.200 presos, o dobro da capacidade.
Na manhã desta sexta, equipes do Instituto Médico Legal (IML) foram à penitenciária para fazer a remoção dos corpos.
Massacres
Esse é o terceiro maior massacre em presídios, em número de mortes, na história do Brasil, atrás apenas do ocorrido no Carandiru, em São Paulo, em 1992, quando 111 presos foram mortos e de Manaus onde foram mortos 60 presos esta semana.
Este também é o segundo caso registrado em Roraima onde a briga de facções deixa mortos. Em outubro de 2016, 10 presos foram mortos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc).
Em outubro, na mesma penitenciária, uma rebelião provocada por briga entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) deixou pelo menos 10 presos mortos. Três das vítimas teriam sido decapitadas, e sete teriam tido os corpos queimados em uma grande fogueira no pátio da unidade.
Todos os mortos seriam integrantes da facção Comando Vermelho, que domina cerca de 10% do presídio. Os outros 90% são controlados pelo grupo rival Primeiro Comando da Capital.
Até junho passado, PCC e CV eram aliados na disputa pelo controle do tráfico na fronteira com o Paraguai.