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Dilma mentiu ao dizer que não sabia da compra de Pasadena, diz Cerveró

“Não corresponde à realidade a afirmativa que Dilma Rousseff de que somente aprovou a aquisição porque não sabia dessas cláusulas”, afirmou em delação premiada

atualizado

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nestor cerveró
1 de 1 nestor cerveró - Foto: Divulgação

Em sua delação premiada, o ex-diretor Internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse que a presidente afastada Dilma Rousseff mentiu sobre a compra da refinaria de Pasadena e supõe que ela sabia que políticos do PT recebiam propina da Petrobras.

Segundo Cerveró, “houve certa pressa” na aprovação do projeto pelo conselho da Petrobras. “Que Dilma Rousseff tinha todas as informações sobre a refinaria de Pasadena; que o Conselho de Administração não aprova temas com base em resumo executivo”, disse. “Não corresponde à realidade a afirmativa que Dilma Rousseff de que somente aprovou a aquisição porque não sabia dessas cláusulas”, completou.

Fernando Henrique Cardoso
Além de Dilma Rousseff, Cerveró relatou irregularidades que presenciou na estatal durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB/1994-2002) está a contratação de uma empresa do filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, “por orientação do então presidente da Petrobras Philipe Reichstul, por volta de 2000”.

A PRS Energia, pertencente ao filho do tucano, acabou se associando à Petrobras naquele período para gerir a Termorio. Trata-se da Termorio, maior termoelétrica a gás do Brasil, construída pela multinacional francesa Alstom e que custou US$ 715 milhões.

Segundo Cerveró relatou em sua delação, na época o operador de propinas na Petrobras e lobista Fernando Baiano estava fazendo lobby para a estatal se associar à espanhola Union Fenosa para gerir o empreendimento. Baiano e os representantes da empresa, inclusive, vieram ao Brasil no período para tratar com Cerveró sobre o tema. Na época, Cerveró era subordinado a Delcídio Amaral na Diretoria de Gás e Energia da Petrobras.

Ameaças
“Que Fernando Antônio Falcão Soares (Fernando Baiano) e os dirigentes da Union Fenosa acreditavam que o negócio estava acertado, faltando apenas a assinatura para a finalização; Que no entanto, o negócio já estava fechado com uma empresa vinculada ao filho do Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de nome Paulo Henrique Cardoso”, relatou Cerveró.

“Que o negócio havia sido fechado pelo próprio declarante, por orientação do então presidente da Petrobras Philippe Reichstul”, segue o delator contando ainda que o fato deixou tanto Baiano quanto os representantes da empresa espanhola “contrariados”. Ainda de acordo com ele, até Delcídio Amaral também ficou contrariado pelo fato de o fechamento do negócio envolvendo sua diretoria ter sido determinado pela presidência da Petrobras na época.

Ainda de acordo com Cerveró, o então diretor chegou a “fazer ameaça de votar contra a aprovação do negócio na Diretoria Executiva da Petrobras”, quando soube do fato, mas acabou recuando depois e votou pela aprovação do negócio na Diretoria Executiva da estatal.

Em 2003, pouco tempo depois da transação, a Petrobras acabou adquirindo a participação da PRS na Termorio, de 7%, por US$ 19 milhões.

A reportagem entrou em contato com o Instituto Fernando Henrique Cardoso, mas o ex-presidente e seu filho estão em viagem e ainda não foram localizados para comentar o assunto.

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