PF cumpre mandado de prisão contra Bendine, ex-presidente da Petrobras
Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Segundo as investigações, teria recebido R$ 3 milhões da Odebrecht em vantagens indevidas
atualizado
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A Polícia Federal prendeu nesta quinta-feira (27/7) o ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil Aldemir Bendine, na cidade de Sorocaba (SP), a 100 km da capital paulista. Ele é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. A prisão ocorreu no âmbito da Operação Cobra, 42ª fase da Operação Lava Jato.
Bendine chegou por volta das 13h40 à carceragem da PF em Curitiba (PR). Ele viajou de carro até a capital paranaense, escoltado por agentes, que percorreram aproximadamente 360 km. O ex-dirigente vai ficar em uma cela da PF por cinco dias, pelo menos — prazo da prisão temporária decretada pelo juiz federal Sérgio Moro.
De acordo com investigadores, Bendine tem nacionalidade italiana e embarcaria nesta sexta (28) para Lisboa, em Portugal, somente com passagem de ida. A PF acrescentou que Bendine recolheu imposto de renda sobre os R$ 3 milhões recebidos em propina de Marcelo Odebrecht, para tentar despistar a Lava Jato. A estratégia teria objetivo de dar caráter formal a uma suposta consultoria prestada por ele e pelo publicitário André Gustavo Vieira, apontado como seu operador financeiro.Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e três de prisão temporária no Distrito Federal e nos estados de Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.
André Gustavo Vieira da Silva e Antônio Carlos Vieira da Silva Júnior também foram presos. Segundo a PF, em depoimentos, os ex-executivos Marcelo Odebrecht e Fernando Ayres da Cunha Santos Reis narraram suposta solicitação e pagamento de vantagem indevida a Bendine na condição de presidente da Petrobras.
Marcelo Odebrecht declarou que, após solicitação de Bendine, ofereceu, prometeu e repassou a vantagem indevida. O dinheiro foi pago pelo Setor de Operações Estruturadas, o famoso departamento de propinas da Odebrecht, que abasteceu centenas de políticos e gestores públicos.De acordo com a PF, estes pagamentos somente foram interrompidos com a prisão do executivo.
Este pedido de propina a Odebrecht ocorreu à véspera de Bendine assumir o cargo máximo na estatal, afirma o Ministério Público Federal (MPF). Ele alcançou a presidência da Petrobras em 6 de fevereiro de 2015. Na ocasião, a Lava Jato estava próxima de completar um ano. A fase ostensiva da investigação foi deflagrada em março de 2014. “A partir daí a Odebrecht avaliou que realmente poderia ser prejudicada e optou por pagar a propina”, informou o procurador da República Athayde Ribeiro Costa.
Intimidado, Marcelo Odebrecht — que seria preso quatro meses depois, em junho de 2015, na Operação Erga Omnes, 14ª fase da Lava Jato — decidiu pagar o valor, em três parcelas de R$ 1 milhão cada. Porém, este não foi o primeiro pedido de propina de Bendine a Marcelo Odebrecht, segundo os investigadores.
Antes de receber os R$ 3 milhões, Bendine solicitou outros R$ 17 milhões ao ex-executivo de empreiteira, quando ainda presidia do Banco do Brasil. Em troca, ele atuaria para rolar uma dívida da Odebrecht Agroindustrial. Bendine foi presidente do Banco do Brasil de abril de 2009 a fevereiro de 2015. No mesmo mês, o executivo assumiu a presidência da Petrobras. Renunciou ao cargo em maio de 2016.
“Após a colaboração de Odebrecht ter sido publicizada pelo Supremo Tribunal Federal, o operador financeiro André Gustavo Vieira, em conluio com Bendine, resolveu recolher impostos sobre a suposta consultoria que havia sido prestada em 2015”, destacou. “Dessa consultoria não houve contrato, nem justificativa do motivo da redução de 17 milhões para 3 milhões realmente pagos. Além disso, não fazia qualquer sentido qualquer recolhimento de impostos em 2017.”
O nome da operação é uma referência ao codinome dado a Bendine nas tabelas de pagamentos de propinas apreendidas no chamado Setor de Operações Estruturadas da Odrebrecht durante a 23ª fase da operação. Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.
O outro lado
Em nota, a defesa de Bendine confirmou a prisão, mas disse estranhar a decisão da Justiça, uma vez que desde o início das investigações o ex-presidente do BB e da Petrobras se colocou à disposição para esclarecer os fatos e juntou seus dados fiscais e bancários ao inquérito. “É arbitrário prender para depoimento alguém que manifestou sua disposição de colaborar desde o início”, destaca o texto. (Com informações das agências Brasil e Estado)
Confira a distribuição dos mandados:
Brasília: dois mandados de busca e apreensão
São Paulo: um mandado de prisão temporária e quatro de busca e apreensão
Rio de Janeiro: um mandado de busca e apreensão
Pernambuco: dois mandados de prisão temporária e quatro de busca e apreensão