Mato Grosso entra em alerta máximo e terá ajuda com presídios
Estado possui cerca de 1.010 presos membros de facçõe criminosa e apenas 1,8 mil agentes prisionais
atualizado
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O Estado de Mato Grosso está em alerta máximo depois dos embates sangrentos que aconteceram na semana passada em presídios de Manaus e Boa Vista. O secretário de Estado de Segurança, Rogers Jarbas disse que o sistema de segurança pública executa um “plano qualificado de ações para minimizar os riscos de conflitos entre integrantes de facções criminosas, dentro e fora das unidades prisionais”. O governo decidiu ampliar vagas no sistema prisional.
Mato Grosso possui atualmente em torno de 1.010 presos membros de facções, sendo 850 do CV e 160 do PCC. Para cuidar desse contingente apenas 1,8 mil agentes prisionais. Há unidades com 200 presos e apenas dois agentes como é o caso de Sapezal, 473 km de Cuiabá.
A estratégia é evitar que cenas como as que aconteceram em junho de 2016 se repitam. Sob ordens do Comando Vermelho, “soldados” realizaram o “Salve Geral”, com a queima de vários ônibus urbanos na capital, e de carros particulares, ataques às residências de agentes prisionais além de ataques a carros de policiais e viaturas da PM, no interior. Durante o ano, os soldados das facções mataram dezenas de pessoas. Houve inclusive o assassinato de detentos dentro da penitenciária com uso de “Gatorade” (mistura de cocaína e água). Segundo fontes, o governo tinha sido avisado dos ataques.
O governo informa que em 2016 conseguiu evitar mais de 200 mortes na Região Metropolitana, se comparado com o número de mortes registradas em 2015. Este ano, ainda segundo o governo já foram evitadas 50 mortes dentro do sistema.
Sistema prisional
O sistema prisional de Mato Grosso possui 56 unidades, com 11 372 detentos, dentro os quais 41% são presos provisórios. Mato Grosso, assim como a região centro oeste, está sob o comando do CV, dentro e fora do sistema prisional.
Mato Grosso tem atualmente 850 membros da facção Comando Vermelho presos, sendo que deste total 150 já foram denunciados e pelo menos 650 estão à espera de denúncias. “Sabemos que o número real é bem maior” afirmou o promotor do Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado em Mato Grosso (Gaeco/MT), Samuel Frungil. E ainda existem 160 presos do Primeiro Comando da Capital (PCC). Fora os presos, há centenas de “soldados” prontos a executarem as ordens no lado de fora.
“Os líderes são presos, transferidos, mas logo são substituídos” disse Frungil, reclamando que falta mais investimentos em tecnologia para impedir a entrada, por exemplo de celulares. Para o presidente do Sindicato dos Agentes Prisionais de MT, João Batista Pereira de Souza, falta coletes balísticos, viaturas, scanner corporal.
Reuniões de emergência
Durante todo o sábado, o governo realizou reunião de emergência com a cúpula da segurança estadual. O governo não confirma, mas, Souza reafirmou que houve interceptação de ligações sobre a possibilidade de explosões em penitenciárias para resgate de presos. “O governo esconde, mas sabemos que há movimentação aqui no Estado”, disse.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) de Mato Grosso disse que estão presos em Mato Grosso 160 integrantes do PCC e 850 do Comando Vermelho. Para o promotor o número real pode ser “o triplo ou mais”.