Lula diz que Temer privatiza porque não sabe governar
O ex-presidente acusou a oposição de “dar um golpe” na presidente Dilma Rousseff e disse que Temer sabe que o impeachment não é correto
atualizado
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (11/7) em Juazeiro, norte da Bahia, que o governo interino de Michel Temer (PMDB) está agindo para “desmontar programas sociais” e “vender o patrimônio” do país.
“Eles estão tentando criar condições para Petrobras, Banco do Brasil e Caixa Econômica serem vendidos. Eles não sabem governar e precisam vender o patrimônio público. Mas eles podem saber o seguinte: eu sei (governar)”, disse. Acusando a oposição de “dar um golpe” na presidente Dilma Rousseff, disse que Temer sabe que o impeachment não é correto.“Temer é estudado, é letrado, é advogado. Ele sabe que o impeachment não é uma coisa correta da forma como está acontecendo. (…) Só o povo pode tirar Dilma”, disse Lula para um público de cerca de 2 mil trabalhadores rurais. Ainda afirmou que o governo Dilma Rousseff (PT) “desandou” depois da eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara em 2015.
“A coisa desandou de 2015 para cá, sobretudo porque elegeram um cidadão como presidente da Câmara que se utilizou do cargo para atrapalhar a Dilma a governar este país”, afirmou Lula que, em seguida, emendou: “Me parece que agora ele está para ser cassado”. No ato formal, Lula evitou falar em impeachment e citou a presidente Dilma Rousseff (PT) apenas uma vez, ao lamentar que a duplicação da ponte entre Juazeiro (BA) e Petrolina (PE) não tenha sido concluída.
LULA SIM, DILMA NÃO
“Quem aqui melhorou de vida?”, gritou o locutor em cima do palco ao anunciar a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Juazeiro. O agricultor Máximo de Souza levanta a mão, animado.
Desapontado com o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), Máximo diz estar sem esperanças com o governo interino de Michel Temer. Batizou o novo presidente de “Michel Toma”: “Ele está aí para tomar as coisas da gente”, disse. Mesmo assim, não demonstrou entusiasmo com a possível volta da presidente afastada Dilma Rousseff. “Ela até pode vir, mas a gente quer mesmo Lula, não Dilma”, disse.
O sentimento era compartilhado por outros trabalhadores presentes no ato, no qual o nome da presidente foi pouco citado nos discursos. Vendedor de sorvetes, Raimundo Cruz, 48, afirmou que o impeachment foi “uma coisa dos ricos de São Paulo e do Rio de Janeiro” para afastar a petista do poder.
E diz esperar que o ex-presidente Lula retorne ao cargo: “Ele foi o melhor presidente para o povo pobre”. Mesmo com a boa recepção, o ex-presidente precisou do apoio de “caravanas” de agricultores para encher os atos dos quais participou em Juazeiro e Petrolina (PE).
Na cidade pernambucana, um público minguado se concentrava em frente a um palco montado para o “ato contra o golpe”. Do palco, a locutora pedia para o público não esmorecer: um grande grupo deslocava-se de Juazeiro para a cidade vizinha a pé. Parte deles veio de outros estados banhados pelo rio São Francisco, como Bahia, Alagoas, Sergipe e até a longínqua Minas Gerais.
ATO “CONTRA O GOLPE”
Na noite desta segunda, Lula estará presente em um ato pela democracia e contra o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff (PT) na orla de Petrolina (PE). Antes disso, participa do ato de lançamento da candidatura a prefeito de Juazeiro de Paulo Bonfim (PCdoB). Nesta terça (12), o ex-presidente segue para as cidades de Carpina e Caruaru, em Pernambuco, onde participa de encontro com agricultores e de ato pela democracia. A programação será encerrada na quarta-feira (13) com um ato público no Recife.
Com informações da Folha de São Paulo.