Sem tornozeleira eletrônica no DF, Geddel continua na Papuda
Ministério Público Federal pediu nesta quinta-feira (13/7) novo pedido de prisão preventiva contra ex-ministro
atualizado
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Apesar de ter sido autorizado pela Justiça a cumprir prisão domiciliar, o ex-ministro Geddel Vieira Lima continua na Papuda. Como o Distrito Federal não tem tornozeleira eletrônica, a Secretaria de Segurança Pública e da Paz Social do DF deve remeter um ofício ao Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1) para decidir o que será feito neste caso.
Um dia após o TRF autorizar a saída de Geddel da Papuda, o Ministério Público Federal (MPF) pediu, nesta quinta-feira (13/7), nova prisão preventiva contra o ex-ministro da Secretaria de Governo. Para os procuradores Anselmo Lopes e Sara Moreira Leite, novos elementos colhidos na investigação mostram que Geddel cometeu os crimes de “exploração de prestígio e tentou embaraçar as investigações”.
Os procuradores se baseiam nos depoimentos do corretor e operador financeiro do PMDB Lúcio Bolonha Funaro e de sua esposa, Raquel Pitta. Os dois detalharam os contatos feitos pelo ex-ministro.
Segundo o MPF, Funaro disse que Geddel “alegou exercer influência criminosa sobre o Poder Judiciário da União”. O operador narrou à PF que, após a realização de sua audiência de custódia, Geddel mandou mensagem via “WhatsApp” reclamando da troca de advogado de Funaro e ressaltou que, com a entrada da nova defensora, tinha “ficado ruim para o juiz”.No entendimento do MPF, a revelação de Funaro mostra que Geddel tentava monitorar o ânimo do operador financeiro em fazer possível colaboração premiada e também alegava, perante ele e sua família, exercer (direta ou indiretamente) influência sobre decisões que interessariam à defesa do corretor, nos processos relacionados à Operação Sépsis, na qual este último é réu.
“Observa-se, assim, que Geddel, ao protestar contra a troca do patrono de Funaro, insinua ter a capacidade de influenciar decisões do Poder Judiciário, agindo como verdadeiro vendedor de ‘fumaça’, indicando, inclusive, que teria, com a troca de advogados, ‘ficado ruim para o juiz”, afirma o MPF.
Ligações
Um outro fato que chamou a atenção dos investigadores é que, de acordo com laudo da Polícia Federal feito no celular de Raquel, Geddel ligou ao menos 16 vezes para a esposa de Funaro, entre 13 de maio e 1º de junho deste ano.
“Tal constatação indica, de forma segura, a tentativa e, em certas ocasiões, o efetivo contato entre o investigado Geddel Vieira Lima e a esposa do também investigado (e réu) Lúcio Funaro. Indica, outrossim, não uma pressão esporádica exercida pelo investigado Geddel sobre a esposa do também investigado Lúcio Funaro, mas sim uma atividade de monitoramento diário sobre o humor e a intenção de colaboração deste último”, afirma o MPF.
Para os procuradores, o fato de Raquel nunca ter mantido qualquer relação com o ex-ministro revela que os contatos mapeados sugerem a tentativa de pressionar a esposa de Funaro e ter informações sobre seu marido. (Com informações da Agência Estado)
Confira íntegra da nota da SSP-DF
A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social informa que assinou, no último dia 3 de julho, o contrato com a empresa vencedora da licitação que vai implantar o projeto de monitoração eletrônica no Distrito Federal. Desde então, a contratada passou a ter 45 dias para iniciar o sistema. O tipo da aquisição é aluguel e a quantidade de tornozeleiras pode chegar até 6 mil, sendo que a adesão ocorrerá por demanda e determinação do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
Com isso, o Poder Judiciário é quem vai decidir quais são os casos em que a medida cautelar por meio eletrônico será mais eficaz ou apropriado do que a prisão em uma penitenciária. Uma central está sendo equipada no prédio da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe), de onde os acautelados serão supervisionados.
Cada tornozeleira, junto com todo o serviço contratado, vai custar, ao mês, 161,92 reais, ou seja, se forem adquiridas as 6 mil o valor anual chegará a 11,6 milhões de reais. Hoje, o custo mensal com cada custodiado gira em torno de 1,7 mil reais mensais, o que inclui, por exemplo, gastos com alimentação, luz e água. O DF possui 15 mil internos nas seis unidades prisionais.
Em relação à liberação de Geddel Vieira Lima, a Sesipe que é ligada à SSP/DF, informa que recebeu a decisão proferida pela Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1) na noite desta quarta-feira (12).
Contudo, o documento condiciona a liberação dele ao uso de uma tornozeleira eletrônica. Como o Distrito Federal ainda não dispõe do equipamento para instalação no custodiado, uma vez que o contrato para disponibilizar serviço foi assinado recentemente, a pasta enviou um ofício ao TRF1, que deverá decidir como será o procedimento neste caso.