Lava Jato denuncia Marcelo Odebrecht, João Santana e outras 15 pessoas
Procuradores apresentaram denúncias contra os investigados na 23ª e na 26ª fases da operação
atualizado
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Procuradores da Operação Lava Jato apresentaram no início da tarde desta quinta-feira (28/4) novas acusações feitas pela força-tarefa. Durante entrevista na sede do Ministério Público Federal do Paraná, em Curitiba, foram denunciados os investigados na 23ª e na 26ª fases.
No total, são 17 denunciados. Entre eles estão o marqueteiro João Santana e Zwi Skornicki. Também integram a lista os ex-diretores da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco, além do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.Na segunda parte das denúncias, referentes à Odebrecht, estão o ex-presidente da empresa Marcelo Bahia Odebrecht, que segue preso em Curitiba, e a secretária dele, Maria Lúcia Guimarães Tavares, que fez acordo de delação premiada. Além deles, diretores da empreiteira, como Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho e Luiz Eduardo da Rocha Soares, foram denunciados. Ainda não há detalhes dos termos da acusação.
Veja os denunciados
Zwi Skornicki
Pedro José Barusco Filho
Renato de Souza Duque
João Vaccari Neto
José Carlos de Medeiros Ferraz
Eduardo Costa Vaz Musa
Marcelo Bahia Odebrecht
Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho
Luiz Eduardo da Rocha Soares
Fernando Migliaccio da Silva
Maria Lucia Guimarães Tavares
Angela Palmeira Ferreira
Isaias Ubiraci Chaves Santos
Monica Regina Cunha Moura
João Cerqueira de Santana Filho
Olívio Rodrigues Junior
Marcelo Rodrigues
Sete Brasil
A força-tarefa da Operação Lava Jato acredita que a Sete Brasil foi criada para majorar preços e fraudar as licitações do bilionário mercado de navios e plataformas, criado a partir da descoberta do pré-sal, em 2007. “Temos fortes indicativos que as empresas que compunham a Sete Brasil atuavam em cartel”, afirmou o procurador da República Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Lava Jato. Ele concede entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, quando foram denunciados 17 alvos, entre eles o marqueteiro do PT João Santana e a mulher dele, Monica Moura, que está fazendo delação premiada.
Parte dos recursos que teriam pago as campanhas lideradas por Santana para o PT, sustenta a denúncia, saíram da propina de contratação do estaleiro Keppel Fels pela Sete Brasil, para fornecimento de plataformas à Petrobras. O intermediador desses valores seria o operador de propinas Zwi Skornicki, também denunciado pelo MPF, que atuava como lobista do estaleiro no Brasil.
A Procuradoria denuncia pela primeira vez um dos pacotes de contratos da Sete Brasil, criada em 2010 para fornecimento de navios-sondas e plataformas para a Petrobrás. “É uma licitação de cartas marcadas, para a Sete Brasil”, afirmou Dallagnol, ao apontar que o contrato de fornecimento para a estatal petrolífera foi fraudado.
Acusação
O crime, no entanto, ainda não é parte da acusação criminal desta quinta-feira. Desta vez está sendo imputada a lavagem de dinheiro da corrupção na Petrobras envolvendo o PT, por meio do marqueteiro João Santana. Preso desde fevereiro, em Curitiba, João Santana foi o marqueteiro da presidente Dilma Rousseff (2010 e 2014) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2006).
Conta secreta do marqueteiro e sua mulher, Mônica Moura, na Suíça, em nome da offshore Shellbill Finance, recebeu US$ 4,5 milhões do operador de propinas do estaleiro Keppel Fels.
O procurador Dallagnol explicou que a fraude na licitação para contratação da Sete Brasil e o cartel das empreiteiras e estaleiros no esquema ainda será alvo de outras acusações. Ao todo, seis estaleiros foram contratados para fornecimento de 28 navios-sondas no total de US$ 23 bilhões. “Para cada contrato era paga propina de 1%”, disse. A Sete Brasil é uma empresa que atua como intermediária entre a Petrobras e os estaleiros contratados para desenvolver as embarcações e fornecê-las à estatal.
Um e-mail entre executivos indica, segundo o procurador, que “antes de se saber formalmente quem ganharia a licitação, já se sabia que a Sete Brasil venceria e que estava negociando com os estaleiros contratados”.