Henzel: Meu filho batia no peito e dizia “sinto a respiração dele”
Quando autoridades avisaram a família sobre a queda, disseram que havia duas pessoas chamadas Rafael no avião. Só uma tinha sobrevivido
atualizado
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Um dos seis sobreviventes do desastre aéreo com o voo da Chapecoense, que matou 71 pessoas, o jornalista Rafael Henzel falou na noite deste domingo (11/12) ao Fantástico. Na entrevista mais longa que concedeu desde o acidente de 29 de novembro, ele contou como foram os momentos imediatamente anteriores à queda.
“De repente, desligaram as luzes do avião. A hora que isso aconteceu causou um certo tremor, mas ninguém imaginaria que a gente bateria naquele morro”, falou. “Não sabia o que estava acontecendo até o primeiro choque”, disse. Na sequência, a queda, a explosão e a tomada de consciência. “Aí foi mais impactante ainda porque as duas pessoas que estavam a meu lado estavam sem vida já”, contou.
A volta de Rafael ao Brasil está prevista para a terça-feira (13) e, questionado sobre o que espera no regresso a sua cidade, ele disse, com a voz embargada: “Eu só espero voltar, pisar em Chapecó”.
Desinformação
Henzel contou ainda que a tripulação não informou o que estava ocorrendo no voo minutos antes do desastre. “Eu reparei que houve uma aflição muito grande por parte da comissária que sobreviveu. Não lembro de ter havido gritaria, pânico. Um silêncio estarrecedor, até que veio o choque”, contou.
O jornalista, que tem 43 anos, passou por uma cirurgia recentemente no hospital San Vicente de Rionegro, na Colômbia. Após o procedimento, a equipe de cirurgiões deu uma entrevista coletiva e expôs a sua situação.
“Ele tinha luxação em dois dedos. Levamos ao centro cirúrgico para fazer de forma manual. Estamos esperando para deixá-lo em pé, porque ele tem uma fratura no pé direito. Vamos tentar deixá-lo em pé com muleta, de pé total ainda não tem como. O Rafael tem uma lesão pulmonar ainda por conta da fratura de sete costelas”, explicou ortopedista Marcos André Sonagli na ocasião.
Henzel tem postado mensagens em redes sociais sobre a sua evolução. Em uma das últimas, publicada na quarta-feira (7), disse que estava melhorando de uma pneumonia.
“Deus volta a abençoar a toda minha família com notícias aqui da Colômbia. A cirurgia no pé direito foi bem sucedida ontem (quarta-feira). Hoje recebi a informação que a pneumonia está sendo diminuída. Depois tratamos das costelas”, escreveu Henzel.
O jornalista trabalha em uma rádio de Chapecó e acompanhava a equipe da sua cidade na campanha que era a mais bem-sucedida de sua história. Horas antes do acidente, ele chegou a publicar nas redes sociais uma foto dos atletas se organizando dentro do avião.
A tragédia
O acidente ocorreu por volta de 1h de 29 de novembro, no horário brasileiro. Às 7h, o prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez Zuluaga, informou que pelo menos 25 pessoas não resistiram à queda do avião com o time de Santa Catarina a bordo.
Às 7h40, aproximadamente, esse número foi atualizado pela polícia colombiana. O número total de mortos foi 71. Mais de 150 pessoas estiveram envolvidas na operação de resgate.