Emirates alega erro e cancela passagens compradas em promoção
Oferta ficou no ar por mais de três horas e consumidores contestam resposta da empresa. Passagens chegaram a ser emitidas, o que causou revolta nos compradores
atualizado
Compartilhar notícia
Um suposto erro na divulgação de uma promoção de passagens aéreas da Emirates Airlines tem causado dor de cabeça aos consumidores que compraram os bilhetes. Na madrugada de quinta-feira (16/6), a companhia colocou à venda tíquetes com preços bem abaixo do valor de mercado, cobrando apenas a taxa de embarque, sem tarifas. No entanto, as compras, que levariam passageiros do Brasil a Brisbane (Austrália), Beirute (Líbano) e Dubai (Emirados Árabes) foram canceladas no dia seguinte.
A promoção estava em diversos sites especializados em venda de passagens e na própria página da Emirates, segundo os consumidores. No entanto, a companhia aérea alegou um “erro técnico no carregamento das tarifas no sistema online de reservas”, cancelou os bilhetes emitidos e prometeu reembolsar os valores pagos.O comunicado foi publicado somente no site Passagens Imperdíveis, sem qualquer referência na página da empresa. Outro problema aparece no fato de a Emirates ter gerado automaticamente os tíquetes eletrônicos após a compra e de a promoção ter ficado no ar por mais de três horas.
Alguns consumidores se reuniram no WhatsApp para discutir como fazer para que a empresa honre a venda. Até a manhã deste sábado (18/6), havia ao menos 90 pessoas no grupo. Todas se sentiram lesadas.
Moradora de Brasília, a advogada Ana Carolina Palhares Castelo Branco, de 30 anos, comprou bilhetes para a cidade australiana de Brisbane, onde comemoraria o aniversário de seis anos de casamento com o marido, Thiago, em novembro. “Já existiram outros erros em que o e-ticket não foi emitido, somente a reserva, que não garante o embarque. O e-ticket confirma a sua passagem e todas as empresas aéreas que tiveram problemas com o sistema honraram a emissão dele”, afirmou Ana.
“Se foi erro, como o sistema demorou mais de três horas para detectar? Além disso, era algo seletivo. Foi para alguns destinos, em datas muito restritas”, desabafou a advogada. Ela lembrou que, no ano passado, a empresa norte-americana American Airlines teve um problema em sua página, ocasião na qual as passagens estavam em promoção para qualquer lugar do mundo. “Tanto era erro que derrubaram o site todo”, comparou.
Na página da Emirates, os consumidores não têm mais acesso às passagens. No entanto, em outros sites de venda, a compra não sofreu alterações.
Além dos R$ 960 gastos com as passagens, o casal já havia feito reserva em hotéis, pago o seguro saúde e os bilhetes de Brasília a São Paulo – já que o voo partiria de lá para a Austrália. “O último recurso será acionar a Justiça”, completou a advogada.
Expectativa
O analista de finanças Anderson Vieira, de 37 anos, planejava duas viagens para este ano. Na mesma promoção, o morador de Brasília comprou uma passagem para Brisbane e uma para Beirute, para onde iria com um amigo. Ao todo, foram aproximadamente R$ 1,2 mil, além da expectativa criada. “Fiquei bastante frustrado. Quando vi o comunicado, isso acabou com o meu dia”, contou.
A gente entra em contato por meio das redes sociais e eles parecem demonstrar interesse, até perguntam o número da reserva, e dizem que vão investigar o problema. Depois, vêm a mesma resposta automática dizendo que foi um erro. Estão querendo nos vencer pelo cansaço
Anderson Vieira
Procurada pelo Metrópoles, a Emirates não se pronunciou até a última atualização desta reportagem.
Justiça
Em fevereiro deste ano, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) condenou, em segunda instância, a empresa aérea holandesa KLM e a Decolar.com a pagarem R$ 6 mil a um cliente após recusarem a emissão de passagens aéreas adquiridas por um valor promocional divulgado no site.
O consumidor alegou que, aproveitando a oferta anunciada em um site de viagens, adquiriu bilhetes de ida e volta de Brasília para Amsterdã para ele e a esposa, por R$ 1.081, incluindo impostos e taxas. Após alguns dias, recebeu a informação de que as reservas haviam sido canceladas em razão de um erro do sistema no carregamento dos preços das passagens.
O caso ocorreu em dezembro de 2014, e a KLM alegou que as tarifas foram “acidentalmente carregadas no sistema” da empresa. No entanto, a companhia honrou as compras dos clientes brasileiros que tiveram as passagens eletrônicas emitidas.