ABC simboliza declínio do PT e força de Alckmin
Os dois únicos candidatos petistas que foram para o segundo turno no paulista têm poucas chances de sucesso.
atualizado
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Depois de perder as duas cidades mais populosas do Estado (São Paulo e Guarulhos) no primeiro turno, o PT pode sair hoje com mais um importante revés, desta vez em seu berço político. Se confirmadas as pesquisas de intenção de votos, a partir do ano que vem nenhuma das sete cidades do ABC paulista será administrada por um prefeito petista – a primeira vez que o fenômeno aconteceria desde 1982, quando Gilson Menezes foi eleito, em Diadema, o primeiro prefeito da história do partido.
Os dois únicos candidatos petistas que foram para o segundo turno no paulista – Carlos Grana, que tenta a reeleição em Santo André, e Donizete Braga, em Mauá, têm poucas chances de sucesso. A perda de espaço do PT na região que já foi chamada de “cinturão vermelho” abre caminho para os “azuis”. PSDB e partidos aliados do governador Geraldo Alckmin podem eleger prefeitos em todos os sete municípios do ABC paulista – Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
O avanço na região é importante para os planos de Alckmin não só de eleger sucessor, mas se creditar para uma eventual candidatura à Presidência da República em 2018. Não por acaso, às vésperas do segundo turno, o tucano marcou presença na região e participou de agendas de aliados. Entre terça e quinta-feira passadas, esteve em Mauá, São Bernardo do Campo, Diadema e Santo André.
Em Mauá, Alckmin disse ao Estado que o avanço na região antes dominada por petistas é uma “mudança histórica” que retrata bem a “derrocada do PT”. Mas quando questionado sobre 2018, disse que “é um outro momento”. Em São Bernardo, o tucano disse que este é um momento de “esperança” e de “mudança de página”.
Isso representa uma mudança importante de governo, de partidos, de filosofia de trabalho. Acho que é um outro momento
Geraldo Alckmin
Em Santo André, foi indagado se o resultado da eleição o credencia para uma eventual candidatura à Presidência, uma pergunta que passou a ouvir com mais frequência após a eleição do afilhado João Doria no primeiro turno em São Paulo.
“A eleição municipal representa as questões locais, mas é claro que ao final desta eleição alguns partidos saem muito enfraquecidos, com é o caso do PT, e outros saem mais fortalecidos. Mas cada eleição tem seu momento”, disse.
Questionado se já está em campanha, Alckmin apenas sorriu e disse: “Não, não”. E tentou repetir a piada que costuma fazer quando se vê nessa situação, de que “só será candidato se for à presidência do Santos Futebol Clube”, mas foi interrompido.
No PT, o resultado da eleição fez o partido se voltar para dentro e adotar o da autoavaliação. Para o presidente do diretório estadual em São Paulo, Emídio de Souza, o fenômeno no ABC é simbólico, mas representa o que aconteceu com o partido em nível nacional.
“O PT teve uma derrota política importante, sabemos reconhecer isso, mas não é uma situação específica do ABC. É um processo nacional”, disse.
Acossado por denúncias, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não participou de agendas de campanhas de candidatos petistas, como fez no primeiro turno. O papel ficou a cargo do vereador eleito Eduardo Suplicy, que caminhou pelas ruas de Santo André ao lado de Grana na sexta-feira passada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.