IBGE vê mercado de trabalho em ciclo vicioso, com quedas no rendimento
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), o trabalho por conta própria já não absorve a perda no emprego com carteira assinada
atualizado
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O mercado de trabalho está num ciclo vicioso, com perda de rendimento e queda na qualidade do emprego, afirmou nesta quarta-feira (29/6) o coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. Segundo ele, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados mais cedo mostram que o trabalho por conta própria já não absorve a perda no emprego com carteira assinada.
O contingente de empregados no setor privado com carteira assinada somou 34,444 milhões de pessoas no trimestre móvel até maio, 1,520 milhão a menos (queda de 4,2%) do que em igual período de 2015. Já a ocupação como “trabalhador por conta própria” viu o contingente aumentar em 952 mil pessoas (4,3% a mais) na mesma base de comparação.
“Para onde estão indo esses trabalhadores que perdem a carteira de trabalho? Parte expressiva dessa população está montando o próprio negócio e trabalhando por conta própria. Só que esse canal está cada vez menor. A saída da informalidade está se complicando”, afirmou Azeredo.
Outro sinal de perda de qualidade no emprego, segundo o pesquisador do IBGE, é o aumento das populações ocupadas em atividades tradicionalmente marcadas pela informalidade e precariedade, como “alojamento e alimentação” e “serviços domésticos”. Em um ano, os contingentes ocupados nessas atividades cresceram em 180 mil pessoas (mais 4,1%) e 390 mil pessoas (mais 6,5%), respectivamente.
Por isso, Azeredo considera que o mercado de trabalho está num ciclo vicioso. “Você tem hoje um mercado que não contrata e dispensa trabalhadores com carteira”, afirmou o pesquisador. Com mais desempregados e renda menor, a capacidade de consumo das famílias seguiu em baixa até maio.
Ainda assim, Azeredo destacou que a Pnad Contínua do trimestre móvel até maio ainda capta efeitos da demissão dos trabalhadores temporários, tradicionalmente contratados no fim do ano e, em geral, demitidos até março.