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Banco Central reconhece estouro da meta de inflação em 2016

A nova previsão vem mais alta, apesar de o BC ter a expectativa de uma inflação menor nos próximos meses, se apoiando em um processo de grande desinflação, em especial dos preços administrados

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EDUARDO DUARTE/ESTADÃO CONTEÚDO
Brasil, Brasília, DF, 14/10/2014. Retrato do edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF).
1 de 1 Brasil, Brasília, DF, 14/10/2014. Retrato do edifício sede do Banco Central, em Brasília (DF). - Foto: EDUARDO DUARTE/ESTADÃO CONTEÚDO

Pela primeira vez, o Banco Central reconheceu que a inflação deste ano vai estourar o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 6,5%. Segundo o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta quinta-feira (31/3), o IPCA de 2016 ficará em 6,6%, e não mais em 6,2% como constava do documento de dezembro, pelo cenário de referência. No cenário de mercado, a taxa projetada passou de 6,3% para 6,9%.

A nova previsão vem mais alta, apesar de o BC ter a expectativa de uma inflação menor nos próximos meses, se apoiando em um processo de grande desinflação, em especial dos preços administrados. A valorização do câmbio também tem indicado no início deste ano que pode colaborar com esse cenário. Para o primeiro trimestre do ano, o IPCA acumulado em 12 meses deve ter alta de 9,5%, segundo o RTI. No segundo, a taxa projetada pelo BC é de 8,7% e, no terceiro, de 8,0%.

No cenário de mercado, a expectativa do BC é que o IPCA de 12 meses fique em 9,5% ao final do primeiro trimestre, passe para 8,7% no segundo e atinja 8,1% no terceiro, encerrando 2016 em 6,9%.

No último Relatório de Mercado Focus, a mediana das previsões do mercado para o IPCA de 2016 caiu para 7,31%. Apesar de o levantamento ter mostrado a terceira semana consecutiva de queda das estimativas dos analistas do setor privado, a taxa ainda está acima do teto da meta para o ano.

Incertezas
O Relatório Trimestral de Inflação traz a avaliação da diretoria do Banco Central de que as atuais condições da economia brasileira “não permitem trabalhar com a hipótese de flexibilização monetária”.

O novo documento ampliou o rol de incertezas associadas ao balanço de riscos. No relatório de dezembro, o BC destacava incertezas apenas com relação à velocidade do processo de recuperação dos resultados fiscais e à sua composição, mas agora também citou incertezas “quanto ao comportamento recente das expectativas e das taxas observadas de inflação, combinados com a presença de mecanismos de indexação na economia brasileira”.

Além disso, o autoridade monetária voltou a avaliar que o processo de realinhamento de preços relativos mostrou-se mais demorado e mais intenso que o previsto. E ainda acrescentou, diferentemente do documento anterior, que “remanescem incertezas em relação ao comportamento da economia mundial”.

O Banco Central voltou a garantir que adotará as medidas necessárias de forma a assegurar o cumprimento dos objetivos do regime de metas, ou seja, circunscrever a inflação aos limites estabelecidos pelo CMN, em 2016, e fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017. Ainda assim, o documento admitiu pela primeira vez o estouro da meta neste ano, com um projeção de 6,6% para o IPCA no cenário de referência.

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